Do Oeste a Santiago em autonomia - 30 de Maio a 03 Junho 2010

EJS

New Member
Tudo começou em Maio de 2009 numa noite de esplanada, tertúlias e copos ...

Um amigo contou-me que o irmão iria fazer o Caminho Francês de Santiago durante 10 etapas em autonomia (em Junho de 2009) e convidou-me na brincadeira, sabendo que eu não ia aceitar. Disse-lhe que a um mês de antecedência não podia, pois não tocava na BTT há quase 2 anos, sendo que o pouco tempo que tinha disponível fazia estrada para aproveitar melhor o tempo.

Como gosto de bikes, viagens, travessias e aventuras diferente peguei de imediato no tema e inverti as coisas. Nesse momento disse que antes de fazer o caminho francês teria de fazer o português, e ali lancei o convite para o fazer no ano seguinte com os meus amigos, assim todos teriam tempo de treinar, experimentar, pedalar até fartar, pesquisar, ler e interiorizar a coisa, enfim ...

O tempo passou e não se tocou mais no assunto.

No Natal de 2009, estudei o percurso e alojamentos e enviei email a uns 6 potenciais peregrinos a oficializar o convite para a grande aventura em autonomia! Troco uma prenda que recebi repetida por um suporte para alforges da Zéfal na Decathlon. Estava lançada a coisa, pensei: Já tenho o suporte, agora é que vou mesmo a Santiago de bike, é só comprar os alforges e já está!

Março de 2010, altura de fechar o calendário de férias no trabalho, reservo 5 dias úteis para Santiago lá para Junho. Falo com o pessoal e cheguei à conclusão que iríamos apenas 2.

Começo a estudar distâncias, a pensar nas potenciais adversidades, numa short list para o must have e o must do numa viagem destas. Faço rascunhos de etapas e como o meu colega andava mais do que eu rapidamente alterei a coisa de 6 para 5 etapas. Pensei que 2 andam mais depressa que 6, e que os 2 resistem mais que apenas 1. Perfeito seria irmos todos, mas mesmo assim fiquei convencido que iria ser bom.

A minha primeira ida a Santiago de bike tinha algumas condições que estabeleci:
1- Partir de casa
2- Viagem em autonomia
3- Voltar de transportes

Em Abril foi fechada a programação das etapas e arrumados todos os kms através da regra de 3 simples. A matemática, a geografia e a minha intuição levaram-me a esta programação:

Dia 1 - Moita dos Ferreiros (Concelho Lourinhã) até Coimbra - 30 Maio -150 kms, seria uma ligação necessária por asfalto e apanhar o caminho em Coimbra
Dia 2 - Coimbra ao Porto - 31 Maio - 140 kms
Dia 3 - Porto a Ponte de Lima - 92 kms
Dia 4 - Ponte de Lima a Pontevedra - 90 kms
Dia 5 - Pontevedra a Santiago de Compostela - 55 kms

Umas folhinhas A4 rascunhadas, uns links no laptop e a conversa com os amigos alimentavam o projecto. Neste momento solicitei as 2 credenciais de peregrino e comparava preços, materiais e tipos de alforges, escolhi um e encomendei via web.

Fui a casa do meu amigo entregar-lhe a credencial, e diz-me que afinal não pode ir. Ok, disse-lhe para se deixar de brincadeiras, apertei-lhe a mão e fui jantar a pensar: Isto amanhã passa, está combinado portanto vamos e mais nada! Santigo era o objectivo, a primeira viagem de bike estava na calha, as dormidas agendadas e os quadradinhos do calendário pintados a fluorescente a marcar a "maluquice" como muitos apelidavam.

O vulcão islandês decidiu parar os aviões e os meus alforges foram expedidos 1 semana antes da viagem. Tudo a tempo, foi o que pensei. Afinal ainda dava tempo para os montar e experimentar no fim de semana antes da partida.

No último mês que antecedeu a viagem, comecei a pensar no cenário de ir sózinho tal como fui avisado. Lá tive de largar a bike de estrada e começar a fazer BTT para me habituar ao peso e testar a máquina.

A máquina a usar seria a minha fiel Diamondback Vectra Comp de 2002 com 9000 kms na altura, e que tinha ido à oficina 1 vez para colocar calços de travão nos V-brakes e o bloco/ caixa da pedaleira aos 3000 kms. Como nunca tinha trocado a corrente, o conjunto de tracção estava condenado e a velhinha Truvativ x-force nao dava para trocar os pratos. Fiz a revisão à bike (K7, corrente e pedaleiro Deore novos). Desconfiava das condições do desviador e do trigger traseiro, e decidi fazer a rodagem com o mesmo número de kms que a bike estaria sujeita. 6 voltas de 80 kms aos domingos completaram os 500 kms de rodagem para acamar e achei que tudo estava pronto, eu, a minha mente e a bicicleta.

A ultima semana foi empolgante, pagar reservas das pousadas de juventude, ouvir a malta a dar força e outros a dizerem-me para não ir sózinho. Só haveria uma hipótese, fazer-me ao caminho! Tudo estava de pé, combinado, combinadíssimo !!!!

E lá fui eu por esse Portugal acima.

Foram 555 kms inesquecíveis que recomendo vivamente, 14 400 mts de acumulado de subida colmatado com o mesmo de descida, portanto tudo se faz.

Nos 5 dias queimei 27 000 kcal e perdi 3 kgs, litros de água foram muitos e Sagres Preta sempre que lhes podia deitar a unha. Comer, era sempre sentadinho e pratinho atestado.

Quedas zero, problemas mecânicos zero e no dia de regressar de comboio é que me apercebi que tinha um furo muito pequeno na roda traseira, pois estava ligeiramente vazio.

Pedalei sempre a solo sem nunca encontrar peregrinos de bike até Pontevedra. O último dia pedalei na companhia de 6 colegas que travei conhecimento no Albergue de Pontevedra.

Quando cheguei a Santiago tive uma surpresa, uns amigos foram visitar-me á chegada. Inesquecível. No dia seguinte fui a Finisterra de carro com umas amigas, e no outro voltei para baixo. Saí de Santiago às 05h35 e passadas 18 horas (era sábado) + 7 comboios + 7 kms de bike cheguei a casa.

Não sou muito participativo aqui no fórum, mas senti que estava a dever estas palavras aos utilizadores. Aqui aprendi alguns aspectos sobre o caminho, também fiz perguntas e beneficiei com isso. Agora nada mais justo que retribuir com estas linhas, que não sei se assumem forma de crónica ou história, mas que no fundo servem para encorajar e libertar quem tenciona fazer o caminho. Quem tem dúvidas sobre algumas questões pode colocar que responderei, pois nest altura muita gente anda a preparar os seus caminhos, viagens, material etc.

Não sei quanto pesa a minha bike porque nunca a pesei, e por isso também não pesei a bagagem antes de partir para não me assustar. Levava roupa casual, sapatos de vela e etc. Quando cheguei a casa pesei os alforges e a balança indicou 13 kgs, mas já faltava 1 kg porque levei 4 packs de barritas de cereais SIRIUS do LIDL.

Espero que possa ter ajudado com os números e etapas. Vou colocar algumas fotos (se for capaz).

fbx


fbx


fbx
 
Boas! Parece haver engano no acumulado de subidas!?
"Foram 555 kms inesquecíveis que recomendo vivamente, 14 400 mts de acumulado de subida colmatado com o mesmo de descida, portanto tudo se faz."
Um forte(100kg)abraço!
 

juba

New Member
Olá EJS

Muito bom, gostei do teu relato, eu também penso fazer em Setembro o caminho a solo, não sei se desde o Algarve ou de Lisboa, mas será em Setembro.

Abraço
 
Last edited:

marrokan

Member
boas EJS
gostei muito de ler o teu relato sobre essa aventura, para o ano gostava de fazer o caminho mas a partir do Porto, este fds da páscoa fis Lisboa-Fátima a solo e gostei muito.
moras mesmo na Moita dos Ferreiros?
abraços
 

SilverKid

New Member
Boas pessoal.
Adorei o relato da aventura a solo...admiro-te pois a logistica a 1 não é a mesma que a 2 ou mais, nem tão pouco a preparação...
Marrokan se o pessoal ai do Oeste(Lourinha, Bombarral e outros) combinar algo parecido para o ano...sou gajo de alinhar...
Abraço a todos e boas viagens.
 

EJS

New Member
Viva pessoal, obrigado pelos comentários.

@ Marrokan: Sim, Moita dos Ferreiros.

@ AiresCadima: Os valores resultam dos tracklog das minhas 5 etapas, aliás nem poderia afirmar isto de outra forma. Apenas a altimetria do segundo dia me surpreendeu, tudo o resto achei normalíssimo. No entanto posso deixar aqui os valores para quem queira analisar e planear este caminho.

Dia 1 – Moita dos Ferreiros – Coimbra (sempre Estrada Nacional) 154.4 km e 2095(m) de subida;
Dia 2 – Coimbra – Porto (Pousada da Juventude) 141.1 km e 4188(m) de subida;
Dia 3 – Porto – Ponte de Lima (Pousada da Juventude) 97.9 km e 2983(m) de subida;
Dia 4 – Ponte de Lima – Pontevedra (Albergue de Peregrinos) 92.5 km e 2682(m) de subida;
Dia 5 – Ponte de Lima – Santiago de Compostela (Catedral) 68.4 km e 2497(m) de subida;

Tentei por umas fotos mas não consegui, não pesco nada disto ainda.
Cumprimentos
 
Last edited:

Rodasepedal

New Member
Boas,

EJS depois de termos falado em dezembro e eu ter ficado incrédulo com esta aventura, só posso uma vez mais dar-te os parabéns pela coragem e preserverança que tiveste para levar a tua "peregrinação" a bom porto.

Tens os tracks? Quero lá ir para o ano e é uma hipótese sair de casa :), remota mas é uma hipótese...

Mais uma vez parabéns e vê lá se apareces dia 25/06

Cumps
RODAS
 
Boas! Pelo mesmo motivo de quem queira analisar e planear esse Caminho, eu deixo os meus valores desde da zona da Mealhada onde entrei no Caminho Português de Santiago em 2009 de Tandem e apesar de ser menos km a diferença de subidas é enorme?!
Distância:383Km
Tempo de deslocação:-33h38m
Deslocação média: 11,4Km/h
Velocidade máxima:73,2Km/h
Ascensão total:4900m
Elevação máxima: 430m ( Labruja)
Um forte(100kg)abraço!
 

Rodasepedal

New Member
Boas,

EJS o 2º dia foi por estrada tambem ou já por trilhos?

airescadima, tens os tracks? Gostava de estudar o percurso pormonorizadamente...

Cumps
RODAS
 

Aussie

New Member
Boas pessoal,

EJS parabéns pela aventura, ao ler o teu post deu-me logo vontade de ir recordar a minha viagem de 2009. E que espectáculo que foi.
Para quem quiser ler pode ir aoblog do Passatempo Biketeam.
Não levamos GPS, limitamos-nos a seguir as marcações e sempre que necessário recorríamos a uns prints do Caminho.
No ano passado a agenda não permitiu mas este ano é provável que faça o Francês seguindo as marcações no terreno.
 

marrokan

Member
boas.
EJS não sei se custumas andar muito por estas zonas, mas se quiseres andar com o pessoal dos trilhos da pêra rocha do Bombarral aparece na rotunda da galp aos domingos por volta das 8:30.
abraços
 

EJS

New Member
Viva!

Obrigado pelas palavras pessoal.
Foi uma bela aventura sem dúvida, das primeiras assim espero.
De facto correu tudo bem e o facto de andar a fazer noitadas no trabalho e com stress de dead lines a cumprir, aqueles dias souberam-me pela vida!
Foi um descanso psicológico fantástico, o horário era eu quem o fazia, apesar de se revelar apertado em 2 ocasiões.
Quando tiver mais tempo, tento completar esta crónica.

@ Rodas: Quanto aos tracks, tenho-os todos guardados, quando precisares pede. O Diogo Mota é que me paraceu muito interessado também.
A rota do carapau de corrida parece-me à maneira, mas aos sábados é complicado.

@Marrokan: Obrigado pelo convite, pode ser que um dia se proporcione. PS: Estive na 1.ª Maratona de Outdoor Cycling (Spinning) no Bombarral. Creio que foram 4 horas non stop em frente à Câmara.

@ Aires Cadima: Não sei que se passa, mas acho que o seu acumulado desde Cantanhede até Santiago é muito pouco mas ... vocês mais experientes nas andanças de GPS podem ter uma palavra a dizer.

Cumprimentos a todos


Cumprimentos
 
Last edited:

Rodasepedal

New Member
Boas,

EJS, quando poderes envia-me então os tracks, pode ser que este verão me dê a maluqueira e me faça ao "camiño".
Envio-te o meu mail por PM

Cumps
RODAS
 
Boas EJS ! Os gps ajudam mas não devemos confiar só neles, tenho um Oregon à um mês e nos acumulados de subidas no perfil e nos trajectos dá diferenças de quase o dobro, daí as nossas dúvidas .
Um forte(100kg)abraço!
 

jlalmeida

New Member
Parabéns, tenho essa vontade há muito, tem faltado a coragem. Quero fazer com a minha companheira. Quem sabe será este ano. Talvez do Porto ...
Sem dúvida a solo é um feito acrescido. Parabéns!!!!

Abraço
 

EJS

New Member
Vou colocar umas fotos e retomar o tópico assim que consiga.
Agora seguem algumas referentes ao primeiro dia que não tem nada de especial a contar, asfalto e mais asfalto e na parte final muito desconforto numa zona de obras, camiões etc.



Se as fotos ficarem devidamente aqui colocadas, depois adiciono uma legenda e comentário.

Boas pedaladas

Voltei ao PC e agora penso que vai ficar em condições.



A partida decorreu de forma tranquila, sem stress nem esquecimentos de última hora, Tudo havia sido deixado preparado na noite anterior, tudo arrumado e testado. No entanto como comecei esse processo já de noite, abusei no horário e já fui dormir pelas 02h00. Comprometi desta forma o horário da partida que eu queria cumprir mas não consegui. O objectivo era partir às 07h00 mas tal só foi possível um pouco depois das 08h00.

Pensei que já estava a derrapar e ainda nem tinha saído de casa. O problema não era a dureza do primeiro dia em si, mas antes a janela temporal que me restava para descansar na primeira noite, pois o segundo dia era o que eu mais temia (Coimbra-Porto já pelos trilhos).

Feitas as despedidas, agarrei na bike e fiz-me à estrada. Aqui ainda digo "estrada", pois este primeiro dia seria um mal necessário, uma espécie de ligação desde minha casa até apanhar o Caminho propriamente dito em Coimbra.
Saio de casa e a emoção é grande. ALforges novos atestadinhos, bike lavada, pneus novos porque os antigos estavam carecas, tudo aquilo me parecia novo. Pensei mesmo: "Pareço um holandês!" Por instantes pensava nas palavras de força que me tinham dado, e por outros pensava que tinha mais de 500 kms pelo caminho, e que dali a uns dias vinha com histórias novas para contar! Era esse o meu desejo, aliado ao objectivo de fazer uma boa viagem e me safar em autonomia.

Dos 5 dias de Caminho, o momento que mais me custou foi a partida. O som do 2.º click do sapato a encaixar ainda me está presente na memóra.
Custou mais que qualquer subida, qualquer descida ou medo da viagem a solo. Esse click do sapato significava que as pedras estavam lançadas e todo o peso da responsabilidade tomava agora uma maior dimensão. Pensava que o caminho se faria km a km, curva a curva e sempre com a cabeça a funcionar a 100%.


1a paragem do dia aos 20 kms em Óbidos.

Nos primeiros 20 kms alcancei Óbidos. Foi uma hora em que um turbilhão de ideias me passou pela cabeça. Estava agora a saborear o início do caminho, e como se travava de um domingo, dezenas de ciclistas abrandavam e perguntavam para onde ia. Uns mais espantados que outros lá prosseguiam e desejavam boa viagem. Um amigo do meu pai passou de bicicleta e não acreditava para onde eu ia. Acompanhou-me uns 5 kms e depois mandei-o seguir para eu não cometer excessos nem ser tentado a sair do ritmo.
Aqui já notava que algo não ia bem. O conjunto da bike+alforges estava pesado (mas isso eu já sabia). A bike mudara de comportamento, com a deslocação e trepidação, a carga acomodou-se automaticamente e percebi que tinha arrumado tudo direitinho sem compactar, e que agora sobrava volume nas bolsas laterias, enquanto o peso na bolsa superior começava a incomodar-me. Este volume superior ia muito afastado do centro de gravidade da bike e afectava muito no equilíbrio, sobretudo a subir e curvas.


2a paragem do dia no Mosteiro de Alcobaça.

Aqui com 50 kms nas pernas apercebi-me do problema da carga mal distribuída. O excesso de peso por cima da roda, obrigava-me a um esforço adicional nas ancas para manter o equilíbrio. Era quase impossível pedalar de pé e os pulsos começavam a sofrer (coisa que nunca me tinha acontecido).
Carimbada a credencial no Mosteiro, tomei um cafézinho som a Silvia e o Paulo. 1h30 de paragem numa conversa bem agradável, mas que me condenou a hora de almoço. O calor apertava e eu arrancava de Alcobaça às 12h00 e queria almoçar aos 100 kms.


Foto: Mosteiro de Batalha. Não consegui carimbar, era dia de festa e não havia ninguem para o fazer.

Eram 13h30 e não queria almoçar porque tinha apenas 70 kms.



Continuo até Leiria para almoçar por lá.


Com o estádio do Leiria como fundo toca o telemóvel. Paro e atendo, levei nas orelhas por serem 14h15 e eu ainda a pedalar debaixo de um calor intenso sem ter almoçado.

Pensei almoçar aos 100 kms, mas depois desta subidinha para a Boavista de Leiria lembrei-me que depois seriam rectas frustantes e sobre e desce constante. ZOna rápida de tráfego automóvel e poderia ser muito mau para encontrar restaurante. Lembrei-me de um bom restaurante na Boavista de Leiria que serve um bom leitão ! Não pensei 2 vezes sequer e para lá me dirigi. Havia casamento, Mercedes, BMWs, Audis e cabriolets com fartura. Vestidinhos a rigor contrastavam comigo e nos meus trajes transpirados. Estacionei a bike e entrei para a sala de refeições (não para o banquete claro).

Disseram que me serviam e eu agradeci. Fui ao WC e enfiei a cabeça no lavatório para me refrescar, depois voltei à sala e ataquei o belo do Leitão e 2 cervejas pretas. Apetecia-me tinto mas pensei que iria fazer algum sono... Comi tudo o que tinha direito, leitão, salada, sobremesa e café. Paguei 15 euros e achei que não foi nada caro. Por outro lado pensei que isto não era um menu de peregrino ou bicigrino. Quase a ficar com peso na consciência, o sentimento de que eu merecia uma bela refeição aliviou-me e considerei isto um bónus de primeiro dia lool. Afinal era domingo e dia de festa !

Quando ia embora tinha uns miúdos do casamento a tirar fotos junto à bike com o capacete na cabeça, o que me fartei de rir :)


Paragem para a foto e distrair da monotonia da N1.



Este primeiro dia era como eu referi, um mal necessário, pois queria partir de casa. ATé Leiria ainda se faz bem o caminho, bermas largas e senti-me seguro. Da boavista para Norte, Pombal etc até coimbra senti que eu era uma formiga autêntica. Ao Domingo de tarde os camiões começam a circular, a preparar cargas etc, e aquele corredor começava a ser invadido por camiões, fumo, tangentes, motos a grande velocidade e manobras perigosas para ultrapassarem condutores de fim de semana. Para piorar havia uma grande extensão da N1 em obras, que me roubava as bermas e o sentimento de segurança. Pensei que a "sorte" era se domingo, porque de semana isto deve ser ainda mais perigoso de bike.

Fiz um desvio a Casconha para visitar a Inês que me iria carimbar a credencial, Aproveitei e saquei umas fotos junto ao cartaz do "Embargo" que estrearia em Setembro no São Jorge em Lisboa, e que assisti com todo o gosto.







Terminada a pausa, sentia-me em casa. A inês dizia que Coimbra era já ali, e eu sbia que ela estava de carro e eu de bike, e que o "já ali" dela seriam uns 45 minutos meus.

Continuei, penei mais um bocado pois quem conece sabe que o sobre e desce de Pombal, Condeixa até Coimbra acaba por nos massacrar um pouco.
Quando finalmente avisto Coimbra, esquço-me do que passei para trás, pois a vantagem de dormir em cidades banhadas por rios é que o caminho termina sempre a descer! o Suor que me escorria do rosto funcionava agora como refrescante, tal era a satisfação da deslocação de ar resultante das descida sem pedalar.





Chegada a Coimbra, Satisfaçao na cara e aproveitei para passear junto ao Mondego e comtemplar o entretenimento familiar que por ali se fazia.
Prossegui até casa da Inês, que me iria receber naquela noite. Disse raios e curiscos ao subir o empedrado depois da Avenida da república para o estabelecimento prisional, mas finalmente chegava!


Primeiro dia cumprido. Depois foi tirar toda a tralha, tomar banho e ir à Tasca do Costa jantar e beber qualquer coisa.
Quando me deitei pensei que estava mais perto e o primeiro dia tinha ficado para trás deixando-me muito desconforto nos pulsos. Muito doridos devido à carga, no dia seguinte iria arrumar a bagagem de outra forma.
 
Last edited:

free2fly

New Member
Boas EJS tb sou aqui da zona mais propriamente doa Arneiros (torres Vedras) e já há uns tempos que o nosso grupo fala nisto mas..... por isto ou aquilo não foi possivel arrancar com a ideia.
agora queria voltar a pegar na ideia e a tua historia sem duvida serve de inspiração.

seria possivel arranjar os tracks para analisar ao promenor.

Obrigado
 

EJS

New Member
Viva,

De facto não tenho tido tempo para pedalar nem para vir ao fórum.
Assim que conseguir volto a relatar esta crónica e tento colocar as fotos com tamanho indicado.
Enquanto isso não acontece, vou enviar o track a quem me pediu.

@ Rodas: Vou enviar de seguida o track para o teu email.
@ free2fly: Envia-me PM com o email para proceder ao envio do track.
 
Top