Crónicas de um Bravo do Pelotão por Terras Helvéticas

jess

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Boa tarde

sr. Alexandre mais um desafio realmente tentador e com umas fotos simplesmente deslumbrantes. Esse pico fica em que altitude? vi uma foto com umas casas ...estao habitadas ou é um albergue?
 

Lure33

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Grandes aventuras, paisagens de cortar a respiração, fotos brutais e excelentes trilhos. Obrigado pela partilha.


Cumps. :D
 

joks

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Sem dúvida é dos tópicos que acompanho com grande satisfação.
Aguardo impacientemente esta nova crónica...

Cumprimentos.
 

salgado52

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Amigo Alexandre,mas isso são imagens muito poderosas,coisa mais louca,brutal,olha nem sei que adjectivos aplicar Eh!eh!eh!

Fiquei completamente passado!!!!!!!!!!!!!

Quem é o "louco" que vive numa casinha daquelas na última foto?
 
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AFP70

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Boa noite,

Como está um temporal do “caneco”, consegui escapulir-me dos meus compromissos.

Em relação à dúvida colocada sobre as casas que se vêem na última foto, trata-se de uma pousada de montanha, ou seja, servem refeições e dormida a quem calcorreia estes trilhos. Neste momento está encerrada por ser época baixa.

Bom, vou ver se consigo arranjar inspiração para iniciar a escrita. Talvez me socorra do meu amigo “Jack Daniels”.

Um abraço,
Alexandre Pereira
 

AFP70

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I believe I can fly, I believe I can touch the sky…

Desde que enviei o meu instrumento de “trabalho” para a actual estância de férias e iniciei estas famigeradas voltas na zona do Säntis; um pensamento não parava de zurzir na minha cabeça.

Quando é que te decides a subir ao Säntis via teleférico a partir de Schwägalp e a descer via caminho pedonal?

O tempo foi correndo e por diversos motivos, o projecto foi ficando em standbye, até que no fim-de-semana passado à semelhança de D.Pedro dei o “grito d’Ipiranga”. Meus Senhores, só ou acompanhado, vou fazer a caminhada, quem quiser vem, quem não quiser, fica! La Palisse no seu melhor, ehehehe…

Tal como na “real life”, por vezes temos de ser duros nos nossos propósitos, correndo até o risco de sermos mal interpretados, para atingirmos os nossos objectivos.

As condições climatéricas para a zona do Säntis, degradam-se de dia para dia, estando para breve a queda de neve, pelo que o dia escolhido, permitiu aproveitar a última folga conjunta de todas as tropas.

Como mentor do projecto, preparei e entreguei às tropas uma lista da indumentária a levar, assim como do respectivo material e bens alimentares.

Uma vez que o Säntis não fica propriamente aqui ao lado da minha estância, tive o cuidado de organizar uma “check list” do horário com todas as mudanças inerentes, que passo a descrever (servirá de linha orientadora futura a quem desejar efectuar este trilho), para que compreendam que todos os passos estavam interligados; sendo que o atraso num, poderia comprometer ou mesmo inviabilizar o resto da aventura.

08h00-Saída da minha estância (Waldegg) até Teufen, via Táxi
08h24-Saída de Teufen até Appenzell, via Metro
09h30-Saída de Appenzell até Urnäsh, via Metro
10h10-Saída de Urnäsh até Schwägalp, via Autocarro
10h30-Apanhar o teleférico com destino ao topo do Säntis
12h00-Início da caminhada
16h40-Saída de Schwägalp com destino a Urnäsh (último Autocarro)
17h37-Saída de Urnäsh com destino a Appenzell
18h08-Saída de Appenzell com destino a Teufen
18h32-Saída de Teufen com destino à minha estância (Waldegg)

Salvaguardei sempre uma margem de manobra de 5 a 10 minutos entre mudanças de meios de transporte e para a caminhada propriamente dita, atribuí 4h30, ou seja mais uma hora do que o que está estipulado nas placas indicadoras, isto para cobrir qualquer eventualidade.

Dados da caminhada

Ponto de referência Inicial: Posto emissor do Säntis (2505 mts)
Ponto de referência a Meio: Pousada de Montanha Twerties (2085 mts)
Ponto de referência Final: Base das Operações Schwägalp (1360 mts)
Tempo de duração previsto: 3h30 a descer, porque a subir e devido ao grau de inclinação, acredito que esta aventura deva demorar mais uma hora.
Desnível vencido: 1145 mts
Distância percorrida: +/- 10 kms
Temperaturas previstas: 1°C no topo e 4°C na base

O dia acordou com um nevoeiro cerrado. Não conseguia ver o Säntis a partir da minha estância. Uma vez que as tropas não davam sinal de vida no átrio de entrada da estância à hora combinada, toca a ir ver o que se passava. Primeira surpresa do dia, o “Newbie” (camarada português com cerca de 20 anos, que chegou recentemente à estância) ao invés de trazer umas botas de caminhada já “calejadas”, calçou umas recentemente adquiridas e com sola não aconselhável para a caminhada (demasiado fina e flexível), assim como vestiu umas calças demasiado largas na base e em todo o corpo e que ainda por cima, arrastavam no chão (estão a ver o postal).
Não comentei, sorri e pensei cá para comigo (Anda meu Melrinho, que não sabes o que te aguarda, logo falamos.)

Posto isto, lá seguimos via metro para Appenzell. As tropas e eu próprio estávamos apreensivos, uma vez que o nevoeiro teimava em não dissipar.

Em Appenzell segunda surpresa do “Newbie”. Ao invés de utilizar o túnel que dava acesso à nossa linha, passa por cima das diferentes linhas, borrifando-se para o respectivo sinal de proibição, escrito em 4 línguas, assim como para as nossas chamadas de atenção. Um português ao seu melhor estilo.
Novamente não disse nada, apenas comentei com o meu camarada Orlando Gomes que a estupidez, paga-se caro e que há formas mais simpáticas de se por cobro à vida ou mesmo de doar dinheiro.

Chegados a Urnäsh e enquanto aguardávamos pelo autocarro que nos iria levar a Schwägalp, encetei conversa com um casal que vinha de Genève e que pela 2ª vez ia ao topo do Säntis, já que da 1ª, estava muito nevoeiro e não conseguiram ver nada.

Chegados a Schwägalp, o teleférico já nos aguardava. Aqui também o raio do nevoeiro, não nos largava. Como só desejávamos adquirir um bilhete somente de ida, a funcionária do guichet, num inglês “macarrónico” após olhar para a nossa indumentária, sobretudo para as “traineiras”, informou-nos que as condições do terreno (neve e gelo), não nos iriam permitir efectuar o percurso em total segurança. Fiquei na dúvida e toca a comprar bilhetes de ida e volta, enquanto isso, o pessoal na fila a mostrar laivos de impaciência, com medo que o teleférico partisse sem eles. Tenham calma meus amigos, que isto está tudo controlado e este pessoal necessita maximizar cada viagem!

Durante a subida, só nevoeiro, fotos “népia”. Está bonito e as tropas a desesperar. Olho para o casal de Genève e vejo o semblante carregado, como quem diz, po..a, outra vez o mesmo (pois é meus amigos, o Säntis é umas das montanhas com o clima mais inóspito da Suiça).
Mas eis que por volta dos 1700 mts, faz-se luz e passamos por cima do nevoeiro. Via-se estampada nos rostos das pessoas, a alegria por este momento tão desejado.

Enquanto prosseguia a viagem, toca a tirar fotos dos diferentes ângulos possíveis e com uma certeza na mente, vamos fazer o raio da caminhada.

Chegados ao Säntis, continuei a documentar quer no interior quer no exterior os diferentes cenários e paisagens (gosto de tirar muitas fotos, sob diferentes perspectivas, de forma a ter matéria para seleccionar as melhores. Afinal o equipamento é digital).

Cá fora, estava um frio de “rachar” e o vento, nem vos conto; afinal a meteorologia não se tinha enganado. Perante este cenário, instalou-se novamente a dúvida (Ir ou não Ir), pelo que resolvemos efectuar uma última votação ao almoço (neste caso pic-nic).

Enquanto efectuávamos o pic-nic no interior da estrutura, vejo chegar um casal de montanhistas, todos vestidos a rigor (botas especiais, fatos térmicos, arneses, mosquetões, capacetes, cabos de ligação, etc…). Penso para comigo (estamos fod…s, feitos ao bife), sim porque como líder da aventura, não podia deixar transparecer as minhas emoções às restantes tropas. Vou ter com o casal e indago o mesmo sobre o grau de dificuldade. Estes olham para mim e para os meus camaradas, deixando transparecer um certo sorriso, quando o olhar bate no “Newbie”. Mesmo assim, disseram-nos que era “faisable”, isto desde que tomássemos as necessárias precauções. Informei-os que “Caution” era o meu “middle name”.

Vou ter com os meus camaradas e informo-os dos termos da nossa conversa, “olvidando” alguns pormenores. Convinha manter a moral das tropas em alta.

Não sendo nenhum montanhista profissional, defini e apliquei algumas medidas baseadas em experiências anteriores, que passavam por:

1-Posições a ocupar na caminhada: à frente o Orlando Gomes (pessoa em quem confio no que toca a segurança, com bom sentido de orientação e com quem já privo aqui há quase um ano e em Portugal, perdi a conta); no meio o “Newbie” (pessoa que ainda estou a aprender a conhecer e cujas atitudes demonstradas hoje, me levam a ter muitas dúvidas sobre o respeito das normas de segurança); a fechar “moi-même”, para ter tempo para tirar fotos, sem atrasar a cadência de andamento e fazendo jus ao nome Bravos do Pelotão, responsabilizar-me pelo “Newbie”.

2-Distância de segurança: ficou definido que entre elementos a distância mínima seria de 5 a 10 mts e a máxima até 50 mts (devido ao nevoeiro que mostrava sinais de querer subir), embora por vezes, conforme poderão constatar pelas fotos, esta aumentou para 100 mts e mesmo mais (efectuei a gestão da mesma em função do grau de perigosidade do terreno e das condições atmosféricas)

3-Como caminhar: foram dadas instruções para levantarem sempre bem os pés, não os arrastar, evitar os saltos, pousar um pé de cada vez nos locais mais difíceis, sendo que as pernas (coxas) atendendo ao grau de inclinação do terreno, deveriam ser utilizadas como amortecedores; em caso de dúvida sobre o terreno a pisar, sentar-se e prosseguir, agarrando-se ao que fosse possível (rochas, ramos, ervas, terra, cabos guia), etc…

Posto isto, iniciamos a caminhada e sem que os meus camaradas vissem, benzi-me e solicitei protecção divina, afinal sempre eram cerca de 10 kms em terreno acidentado e perigoso.

A caminhada inicia com a passagem por um túnel com cerca de 150 mts e que atravessa lateralmente a estrutura em betão, montada no topo do Säntis, acabando por desaguar num penhasco com quase 90° de inclinação. Aqui, realmente a visão assusta, tendo levado o meu camarada Orlando Gomes (homem do Norte e sem “papas” na língua) a tecer os seguintes impropérios “Car…o, Fo..-se”. Quanto ao “Newbie”, este estacou, ficou pensativo e apenas disse “Pessoal, hoje se calhar vai ser um bom dia para eu morrer.” (há coisas na vida de um homem, que podem ser pensadas, mas nunca pronunciadas, conforme irão perceber no desenrolar dos acontecimentos). Quanto a mim e porque só em mim confio, deu-me um misto de receio com “rush” de pela primeira vez estar a fazer algo de tão perigoso.
A título de curiosidade, sempre que parava para tirar fotos, sentia algumas tremuras nas pernas (efeito do binómio receio/adrenalina).

Lentamente e por vezes muito lentamente, lá fomos caminhando, concentrados e ofuscados por tamanha beleza. Eu como repórter de serviço, lá ia tirando os meus “shots”, o que me obrigava a ter de estar permanentemente a recuperar da distância que me separava dos meus companheiros (ossos do ofício).

Como em determinadas partes do trilho, seguíamos paralelos à linha do teleférico, aproveitei para documentar. Era sempre bonito, ver as pessoas no seu interior a fazerem-nos sinais de boa continuação.

Por vezes a paisagem parecia ter sido esculpida por uma qualquer entidade superior, tal era a perfeição das obras executadas.

Pouco antes de chegarmos à segunda torre do teleférico, eis que acontece ao “Newbie” aquilo que eu mais temia, mas que subconscientemente sabia que mais tarde ou mais cedo, acabaria por acontecer (Lei de Murphy vs Probabilidades).

Toda a gente tinha sido advertida para não efectuar saltos e levantar sempre bem os pés. Como devem calcular, o “Newbie”, c...u pura e simplesmente para “cena” e de quando em quando era vê-lo efectuar pequenos saltos que nem uma cabra montesa. Acontece que este último salto, correu mal, o “Newbie” aterrou com um dos pés em cima de pedras pontiagudas, desequilibrou-se e pelo menos teve o bom senso, ou sorte de cair para o lado esquerdo. Para que tenham uma ideia da insensatez (para não chamar nomes mais duros ou brejeiros), apenas vos informo que se tivesse tido o azar de cair de frente, hoje já não estava cá para contar, pois a queda seria superior a 100 mts.

Perante esta “fantástica” ocorrência (estou a ser simpático) e como me encontrava ainda a alguma distância, de branco passei a encarnado, dirigi-me ao “Newbie” que por sinal já se tinha refeito do susto e fruto da adrenalina, não parava de saltitar como se nada tivesse acontecido.
Tenho idade suficiente para ser pai dele, pelo que passei-lhe tamanho raspanete que a partir daí as atitudes inconsequentes deixaram de se manifestar. Nunca mais falamos sobre este assunto.

Passado uma hora e meia sobre a nossa partida, finalmente atingimos Twerties (2085 mts). Tínhamos planeado efectuar nesta pousada, uma paragem para retempero de energias e admiração das vistas, mas a mesma por ser época baixa, encontrava-se encerrada. A partir daqui deixamos para trás os trilhos e paisagens de rocha compacta para entrarmos em trilhos feitos de terra, muito cascalho à mistura e ainda com bastante neve.

O grau de inclinação do terreno também era elevadíssimo, conforme poderão constatar pelos instantâneos.

Nesta altura e constatando que o nevoeiro começava a subir, aumentamos um pouco à cadência, com receio de a partir de certa altura perdermos visibilidade, para além de que sabia que a partir das 16h45 já era noite.

Cerca de duas horas após termos saído da pousada, alcançamos a tão desejada meta. Abraçamo-nos, demos vivas e lá seguimos para Schwägalp, onde umas loirinhas nos aguardavam. Onde há um português, há sempre uma loirinha a acompanhar, ehehehe…

Eis parte dos registos do dia… (restantes (e não são poucos), encontram-se na página Bravos do Pelotão, ver crónica Nº014)

Um dos meios de transporte utilizados para aceder à base das operações.
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Que belo nome “Maria Säntis”. Há séculos que já não via esta revista, mas pelos vistos o “Newbie”, sendo uma pessoa muito eclética, gosta deste tipo de leitura. Notar que nestas paragens, esta revista, custa a módica quantia de 3,00 EUR quando em Portugal o seu preço é de 0,65 EUR.
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Julguei que o dia estava irremediavelmente perdido devido ao nevoeiro, mas a cerca de +/- 1.700 mts, a moral das tropas levantou.
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Neste momento ainda não fazia ideia que a nossa aventura iria passar perto da 2ª torre do teleférico. O teleférico é composto somente de 2 torres, sendo esta ainda utilizada para largar esquiadores que pretendam esquiar deste lado da montanha.
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Uma imagem vale mais que mil palavras.
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No topo do Säntis (2.505 mts), encontra-se esta torre com 123,5 mts, que serve de posto emissor rádio e televisão, assim como uma estação meteorológica, dois restaurantes, lojas, etc…Mais informações em www.saentisbahn.ch .Daqui conseguimos ver os cumes das montanhas francesas, italianas, alemãs, austríacas e do Liechtenstein. Foi necessário “muito engenho” para realizar esta obra, a esta altitude. É mesmo impressionante.
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Toma lá, que é para aprenderes! Estava uma ventania cá fora e muito frio (1°C), daí que enquanto meditávamos sobre a prossecução da aventura, realizamos algumas fotos da praxe. Por insistência dos meus camaradas, embora camuflado, acabei por quebrar uma “regra sagrada”. Estes são os trajes familiares típicos desta região.
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Pensei que iria encontrar algumas durante a volta, mas “népia”.
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Do lado esquerdo da foto, vê-se a parte final do túnel em madeira, onde inicia o nosso périplo. Ao fundo (a verde) vemos o Kronberg (1.652 mts), onde já fui muito feliz.
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Foto de pormenor do Kronberg.
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Mais um local de felicidade deste “Bravo”, o Hoher Kosten (1.791 mts) ao fundo.
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Fantástica imagem. Trata-se de um restaurante e hotel, que neste momento se encontravam encerrados. A escavadora em aranha, pela perspectiva, parece mais um brinquedo.
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Admiro o “sangue frio” do condutor desta escavadora.
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Welcome to “Il était une fois l’homme”.
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Um glaciar de nuvens.
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Schwägalp (1360 mts) era o nosso destino final, passando por Tierwies (2508 mts). Como sempre, optei pelo caminho da direita.
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Início da aventura com direito a entrada num túnel com +/- 150 mts, que passa por baixo de toda a estrutura.
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Alerta à entrada do túnel, advertindo para a perigosidade da aventura. Nada que um betetista camuflado de montanhista, não consiga ultrapassar, pensei eu na altura.
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À saída to túnel.
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Nesta primeira descida, a adrenalina estava ao rubro, tendo-se manifestado nos meus dois camaradas de armas por comentários do género “Ca..lhooooo” ou “Pessoal, hoje se calhar vai ser um bom dia para eu morrer.” Compreendo os desabafos, pois também eu sofri um misto de receio e gozo. Como podem constatar, trata-se de uma zona muito perigosa, que deveria ter sido efectuada com a ajuda de arneses, mosquetões e cabos de ligação, mas à falta de melhor, fez-se com a ajuda das mãos. Ao longo do trilho, iríamos encontrar muitas zonas com grau máximo de perigosidade.
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O teleférico a dizer-nos olá. O de cor azul, para a subida e o de cor verde, para a descida.
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Continuação da descida. O trilho subia até mais acima do 2º monte de neve do lado direito da montanha e depois seguíamos para o lado esquerdo até atingir aquele bocado de neve (último). Fantástico! Dirão vocês.
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Costas da montanha anterior e zona de ligação entre 2 montanhas.
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A largura máxima do trilho era de 50 cms. Alturas houve em que reduziu para metade. Aqui o perigo era o vento, daí a existência dos cabos para prender mosquetões.
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Perspectiva do caminho efectuado em que se nota no penedo por debaixo da antena, o trilho da descida quase a pique (veia, na diagonal) e do lado esquerdo da foto, o restante percurso. Esta foto encontra-se ampliada no Fórum BTT (ver post 60 destas crónicas), onde é visível uma pessoa a subir.
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Ao longe vê-se a 2ª torre do teleférico.
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O teleférico foi construído entre 1933 e 1935. Todo o equipamento foi substituído entre 1968 e 1976, sendo que estas novas cabines datam de 2000. Este permite-nos passar dos 1360 mts (Schwägalp) aos 2505 mts (topo do Säntis), vencendo 1145 mts de desnível.
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A torre ali tão perto, no entanto tão longe ainda.
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Ao longo do trilho encontramos três pessoas. Estas últimas duas informaram-me que ainda estávamos a cerca de 2h30 do objectivo.
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O trilho está sempre perfeitamente marcado. Acredito que com neve, só mesmo com a ajuda de um GPS.
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Stranded in the middle of nowhere.
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Tierwies (2085 mts) na encosta da montanha. Trata-se de uma pousada que serve refeições e dormidas a quem calcorreia estes trilhos. Encontrava-se encerrada por estarmos na época baixa. Mais informações em alemão e fotos no seguinte endereço www.tierwies.ch .
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O acesso a Tierwies como não podia deixar de ser, foi para variar de uma facilidade tremenda.
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Convite para o mergulho neste mar de nuvens.
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Por detrás de Tierwies, descer, descer, descer.
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A perigosidade do trilho nesta fase era causada pelo cascalho resultante da desagregação de rochas maiores. Escorregava-se com muita facilidade.
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Nos locais com neve ao longo do trilho e uma vez que não tínhamos nada a que nos agarrarmos em caso de deslize, tínhamos de caminhar pé ante pé, como se estivéssemos a pisar em ovos. Conseguem vislumbrar o meu outro camarada?
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Tal qual uma anaconda, o nevoeiro ia engolindo o Säntis.
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Parece impossível, não é, mas viemos dali de cima.
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Thank God. Objectivo cumprido.
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Quero aqui deixar publicamente o meu agradecimento aos meus camaradas (Orlando Gomes e “Newbie”), pois sem eles, nada disto teria sido possível e agora já têm uma história para contar aos filhos e aos netos.

Não efectuei este trilho com o intuito de provar o quer que seja a mim ou a quem quer que seja, apenas o realizei porque se não o fizesse, iria passar o resto da vida a amaldiçoar-me. É minha convicção, que independentemente do local onde estejamos e dos meios postos à nossa disposição, devemos sempre tentar tirar o máximo proveito.

Sei que a crónica foi um pouco mais longa do que o habitual (peço desculpa, mas não sei escrever resumidamente).

À semelhança dos filmes, tentei criar através da escrita e das fotos, um ambiente que permitisse aos leitores sentirem, como se estivessem eles próprios a efectuar esta aventura.

Bem sei que há trilhos de montanha a maiores altitudes, mas esta foi e será a minha realidade por uns tempos. Adorei a experiência e voltava a repetir a mesma amanhã. Há imagens que valem por mil palavras e que me acompanharão para o resto dos meus dias.

Esta aventura serviu também para comprovar uma ideia que eu defendo “Para determinadas aventuras um grupo de um, é pouco, mas três podem ser demais”.

Confesso que o trilho é perigoso, daí os avisos, mas não será isso o “sal da vida”, o tal “to live on the edge” e como diz o povo sabiamente “de louco, todos temos um pouco”.

Este foi o meu último confronto com o Säntis, mas “we never know”. Outros desafios me aguardam.


Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…
 
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alferes

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Caro amigo,

Fantástica crónica! Espetaculares fotos! Soubeste transmitir os vários sentimentos vividos por ti e pelos restantes elementos que ousaram desafiar esta montanha, nas condições enunciadas. Sem dúvida que o feito alcançado revela coragem, empenho e sobretudo uma avaliação correta e responsável das dificuldades inerentes e previsíveis para atingir o objetivo proposto.

Reconheço que com a montanha e com as condições climáticas não se brinca, sendo que estas últimas a qualquer momento mudam de cara. Pela crónica fora sente-se que o perigo esteve muitíssimas vezes à espreita, no entanto, com a cabeça fria e com o saber, de experiências passadas, soubeste levar o grupo a bom porto, fazendo com que a “expedição” tenha sido um sucesso.

Parabéns a todos vós! Até breve?!

Cumprimentos.
 

salgado52

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Parabéns Alexandre,uma aventura dessas não requer só loucura,mas muita coragem e espírito de equipa,ainda que como referes,um tal de “Newbie”por vezes complica-se mais do que ajuda-se,mas como tudo acabou da melhor maneira,sem incidentes,o sabor da aventura por vocês vivida tem muito mais valor,imagino a adrenalina por que passaram nessas escarpas altamente perigosas.
Um dia quando tiveres filhos e mais tarde netos,podes ter a certeza que eles irão ficar muito orgulhosos de ti.
Foi um dos melhores,senão o melhor foto-report que tive oportunidade de ver aqui no FórumBtt.

Grande Abraço

JAndrade
 
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AFP70

Active Member
Amigo Alferes,

Obrigado pelas sábias palavras.

Realmente o perigo foi uma constante durante a realização do trilho, no entanto com serenidade e ponderação soubemos sempre contornar os obstáculos que aqui e além iam surgindo.

Ocorreu somente aquele pequeno/grande (depende do resultado final) incidente e mais algumas situações hilariantes que se fossem descritas, dariam ainda “pano para mangas”, mas do resto foi brutal.

Como em Dezembro vou passar o Natal a Portugal, tenho reservado para si e para os users do Fórum BTT uma pequena surpresa. Vá acompanhando as crónicas, pois será postado em breve.

Aquele abraço,
Alexandre Pereira
 

AFP70

Active Member
Amigo JAndrade,

Esta foi sem dúvida alguma a crónica que me deu mais gozo, mas também mais “trabalho” a escrever (que é sempre um prazer), pois as emoções eram tantas, que tive receio de esquecer um ou outro pormenor. Tive sorte, pois o meu amigo “Jack Daniels” esteve sempre presente, eheheh…

Pela manifestação escrita do seu feedback, apraz-me saber que adorou a crónica (fotos e texto).

Desejo que a minha família ao ler a mesma, compreenda o verdadeiro significado inerente a esta tomada de riscos (desnecessários segundo alguns).

Por vezes temos de recorrer a experiências deste calibre, para nos sentirmos vivos e sairmos da letargia em que o sistema nos vota diariamente.

Um abraço,
Alexandre Pereira
 

AFP70

Active Member
Boa noite RTC,

Desde já obrigado por seguir as crónicas.

É meu desejo sempre na medida do possível, continuar a enriquecer este tópico com novas aventuras.

Cumprimentos betetistas,
Alexandre Pereira
 

Lure33

New Member
Bem, parece louco!... Mas se eu estive-se aí também entrava na loucura. Continua que nós estamos aqui para acompanhar as tuas aventuras. Abraço companheiro.
 

jess

Member
boa noite camarada Alexandre
isto sim uma verdadeira aventura passada na montanha, com os poucos meios que vocês dispunham lá foram com coragem e bravura(e algum receio e talvez um pouco de medo do desconhecido).Afinal esse "Newbie" parecia mais uma cabra da montanha imprudente...valeu o raspanete do Bravo para por esse marmelo na linha.Nessa altitude o vosso corpo nao se torna mais pesado? a respiraçao mais dificil? e vertigens? devem ter passado um mau bocado ao iniciar a descida?
Ate que enfim vimos uma foto do Bravo, ...mau mau o menino...hum nao se puxa a orelha do rapaz...
Espero que tenha disfrutado desses belos momentos.Porque quando for para a zona francesa nao tera estas paisagens?
E mais uma vez um belo trabalho fotografico e obrigado por esta reportagem ... até da vontade de fazer essa caminhada.
 

AFP70

Active Member
Boas Lure33,

Como diz o povo “de louco, todos temos um pouco” e por vezes a loucura contagia, ehehehe…, daí estar de acordo consigo quando afirma que também entraria nesta aventura.

Um abraço,
Alexandre Pereira
 

AFP70

Active Member
Boas Jess,

O receio ou medo, foram os nossos melhores amigos, pois fizeram-nos ver que tínhamos de caminhar com muita cautela evitando desta forma acidentes.

Acabei por quebrar uma “regra sagrada” no que toca à minha presença online. Só o fiz porque estava +/- camuflado, eheheheh…

O “puto” mereceu aquele puxar de orelhas, isto porque quando nos viu “assim apetrechados” para esta aventura, começou a rir-se que nem um louco, eheheheh….

Não tenho adjetivos superlativos para descrever as sensações porque passei ao longo do trilho. Quem puder, nem que seja uma vez na vida, faça algo do género. No meu caso tenho tido alguma sorte…

A máquina embora sendo compacta, não se tem portado mal.

Um abraço e até à próxima “adventure”,
Alexandre Pereira
 

AFP70

Active Member
Vem descobrir o Gerês com os Bravos do Pelotão - 19 Dezembro 2011

Caros Companheiros (as),

Eis a surpresa que reservei para os users do Fórum BTT, durante a minha estadia em Portugal a ocorrer no próximo mês de Dezembro.



Para aceder diretamente ao tópico, onde estão apostas todas as informações, queiram clicar aqui.

Cumprimentos betetistas,
Alexandre Pereira

P.S: Qualquer solicitação de esclarecimentos adicionais, deverá ser colocada por post no respetivo tópico. Obrigado.
 
Last edited:

AFP70

Active Member
Bom dia Lure33,

Será sempre bem-vindo, afinal trata-se de uma volta entre “malta” que nutre a mesma paixão.
Se nunca “rolou” no Gerês, acredito que ficará cliente, ehehehe…

Oxalá o tempo ajude.

Um abraço,
Alexandre Pereira
 

lmachado

New Member
boa tarde , AFP70


Tenho acompanhado as tuas crónicas e só te posso dar os parabéns!! paisagens espectaculares!!
Tenciono no dia 19 Dezembro estar presente para esse passeio

cumprimentos
 
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