Então cá vai o rescaldo sobre a minha peregrinação em BTT até Santiago de Compostela pela Via da Prata:
1- Estava previsto sair de Vila Real ,com o Paulo Barreira, mas optámos por sair de Bóbeda ( Aldeia a cerca de 5 Kms de Chaves ) pois seria muito asfalto. Saimos dia 7/6 ás 10 horas com um sol radioso. Alforges com cerca de 8 Kg de roupa, ferramentas, saco cama... Em pouco tempo estávamos na fronteira com Espanha mas para comemorar o facto fomos beber uma cervejola e uma sandes de presunto em Vila Verde da Raia.
2- Entrada em território Espanhol ( Galiza ) e logo começa o verdadeiro BTT. De Feces até Verin´tem trilhos muito rápidos com bons estradões e algum asfalto. Aí encontrámos um grupo de 5 bttistas do Porto que tinham partido de Chaves de manhã. Umas fotos com os rapazes e ainda andámos juntos uns 5 Kms mas eles pararam para almoçar e nós seguimos.
3- De Verin a Laza rola-se cerca de 10 Kms por estrada e depois entra-se em trilho. Lindissima esta parte: Junto ao Rio Tâmega, com muito verde, muita água e gente espectacular. Paragem em Laza para comer.
4- Agora entra-se numa parte inesquecivel do caminho. Temos uma subida extremamente dificil ( pelo monte ) que nunca mais vou esquecer. As subidas são a minha delicia e esta então é... Soberba! 10/12 Kms a subir em single-track, pedra solta, alguma lama, silvas e tojos. Consegui fazer 90% da subida em cima da burra mas confesso que cheguei ao planalto no limite das minhas capacidades! Esperei algum tempo pelo Paulo que resolveu abordar a subida numa toada mais calma e na espera recuperei os niveis de açucar e fiz liquidos ( 1 gel+1 barra marmelada e 0.5 l de água com isostar ). Fiquei como novo! Chega o Paulo em perfeito estado de consciência ( bem... vinha um bocado empenado! ) e seguimos até encontrar uma povoação ( Albergaria ) com um bar ancestral chamado Rincõn e em que cada peregrino que lá para assina uma concha de Santiago. Nós assinámos uma em conjunto e aproveitámos para lanchar ( Presunto, chouriço, pão, cervejas ). Daqui até Xunqueira de Ambia que foi onde dormimos é quase sempre a descer em trilhos muito parecidos com os do Alvão. 1º dia: 95 Kms.
5- Acordámos muito cedo e após um bom pequeno almoço numa pastelaria seguimos e rapidamente estávamos em Ourense. Toca o telemovel e é o Jorge Alves ( Presidente do BTT clube de Chaves ) a perguntar se estávamos longe de Ourense. Estávamos lá e eles também. A partir daqui vamos ser 5 ( Pedro Baptista ( Eu ); Paulo Barreira; Jorge Alves; Jorge Figueiras e José Frazão ). Uns abraços e umas fotos e fomos abordar a 2ª subida mais dificil deste magnifico caminho. A saída de Ourense tem 2 hipoteses: Ou se sobe ou se sobe!!! No entanto ou se sobe por estrada ou por uma calçada tipo Romana com alguma terra à mistura e claro... foi essa a opção tomada! Muito dificil e longa mas sem problemas de maior ( estava fresco e tinha comido e bebido bem ).
No planalto depois era sempre a rolar e a meio da tarde aparece um local que jamais esquecerei: Oseira. Oseira é um mosteiro Cistercense do século XIII que tivémos o previlégio ( por 2 euros cada ) de visitar. A visita foi conduzida por um monge que nos mostrou todos os cantos e encantos do mosteiro. Gostei muito. Aliás gostámos todos. Partimos pois estava a ficar tarde e mais uma longa e bela subida até que já mesmo ao cair da tarde chegámos a Lallin. Ficámos num Hostal. 2º dia: 90 Kms.
6- Faltavam 60 e poucos Kms para Santiago. Acordámos bem dispostos e com vontade de chegar cedo para arranjar Hostal. Nesta última etapa o caminho é tipico da Galiza mais litoral: Bosques, subidas curtas alternadas com descidas, rolar... No entanto a partir da Ponte do Ulla ( a cerca de 10 Kms ) sobe muito mas a vontade de chegar já é tanta que as pernas não se sentem. Aqui há outra história. Na ponte do ulla parámos para almoço num Café e eis que chegam 2 " velhotes", curiosamente Irmãos, um com 75 anos e outro com 71 que já vinham de Sevilha de bicicleta. Olharam para as nossas bicicletas e começaram a rir! OH pessoal! Eles vinham em 2 bicicletas sem suspensão e sem a nossa tecnologia... Fotos com eles pois eles iam ficar ali e só seguiam para Santiago no dia a seguir. 2 personagens que jamais esquecerei ( verdadeiros amantes do cicloturismo ).
7- Chegada a Santiago: Foi a minha 3ª peregrinação a esta terra ( 2005 a pé Caminho Português; 2006 de bicicleta Caminho Francês; 2007 de bicicleta Via da Prata ). Em todas elas a chegada, pelo menos a minha, é em lágrimas... Não sei porquê mas Santiago de Compostela diz-me muito e após um esforço aliado ao prazer da bicicleta e a toda a envolvência leva-me, não tenho vergonha de o dizer, às lágrimas!
Considerações finais: Estava muita gente em Santiago. Muita malta do BTT. Eu no Obradoiro ( Praça principal em frente à catedral ) também lá estava mas com a cabeça noutro lugar. Paz de espirito a 100%.
Ficámos bem instalados, fomos visitar a catedral e abraçar o Santo, e à noite foi uma brutal de uma jantarada muito bem regada.
O José Frazão é o herói desta tirada. Fiquei a saber que tem 57 anos, só anda de vez em quando de bicicleta, é Professor de ténis em Fátima e transpira jovialidade por todos os poros! A frase é dele: ISTO NÃO É PARA SER FEITO POR PESSOAS NORMAIS!
Tinha muito mais para dizer mas acho que o essencial está dito
Abraço ao Jorge Alves, Jorge Figueiras, Paulo Barreira e José Frazão. Ao BTT clube de Chaves,um beijo especial à minha Mulher que me foi buscar( a mim e ao Paulo ) ao meu filho João Pedro que fez questão em ir também e à minha filhota Sofia que ficou com os Padrinhos em Vila Real. Aos meus Pais pelo constante incentivo que me dão nestas "belas viagens".
Um abraço a todos os que conseguiram ler até ao fim
Fotos em preparação. No entanto no site do BTT clube de Chaves dentro de dias vão lá estar muitas também.
Boas pedaladas
Pedro Baptista
1- Estava previsto sair de Vila Real ,com o Paulo Barreira, mas optámos por sair de Bóbeda ( Aldeia a cerca de 5 Kms de Chaves ) pois seria muito asfalto. Saimos dia 7/6 ás 10 horas com um sol radioso. Alforges com cerca de 8 Kg de roupa, ferramentas, saco cama... Em pouco tempo estávamos na fronteira com Espanha mas para comemorar o facto fomos beber uma cervejola e uma sandes de presunto em Vila Verde da Raia.
2- Entrada em território Espanhol ( Galiza ) e logo começa o verdadeiro BTT. De Feces até Verin´tem trilhos muito rápidos com bons estradões e algum asfalto. Aí encontrámos um grupo de 5 bttistas do Porto que tinham partido de Chaves de manhã. Umas fotos com os rapazes e ainda andámos juntos uns 5 Kms mas eles pararam para almoçar e nós seguimos.
3- De Verin a Laza rola-se cerca de 10 Kms por estrada e depois entra-se em trilho. Lindissima esta parte: Junto ao Rio Tâmega, com muito verde, muita água e gente espectacular. Paragem em Laza para comer.
4- Agora entra-se numa parte inesquecivel do caminho. Temos uma subida extremamente dificil ( pelo monte ) que nunca mais vou esquecer. As subidas são a minha delicia e esta então é... Soberba! 10/12 Kms a subir em single-track, pedra solta, alguma lama, silvas e tojos. Consegui fazer 90% da subida em cima da burra mas confesso que cheguei ao planalto no limite das minhas capacidades! Esperei algum tempo pelo Paulo que resolveu abordar a subida numa toada mais calma e na espera recuperei os niveis de açucar e fiz liquidos ( 1 gel+1 barra marmelada e 0.5 l de água com isostar ). Fiquei como novo! Chega o Paulo em perfeito estado de consciência ( bem... vinha um bocado empenado! ) e seguimos até encontrar uma povoação ( Albergaria ) com um bar ancestral chamado Rincõn e em que cada peregrino que lá para assina uma concha de Santiago. Nós assinámos uma em conjunto e aproveitámos para lanchar ( Presunto, chouriço, pão, cervejas ). Daqui até Xunqueira de Ambia que foi onde dormimos é quase sempre a descer em trilhos muito parecidos com os do Alvão. 1º dia: 95 Kms.
5- Acordámos muito cedo e após um bom pequeno almoço numa pastelaria seguimos e rapidamente estávamos em Ourense. Toca o telemovel e é o Jorge Alves ( Presidente do BTT clube de Chaves ) a perguntar se estávamos longe de Ourense. Estávamos lá e eles também. A partir daqui vamos ser 5 ( Pedro Baptista ( Eu ); Paulo Barreira; Jorge Alves; Jorge Figueiras e José Frazão ). Uns abraços e umas fotos e fomos abordar a 2ª subida mais dificil deste magnifico caminho. A saída de Ourense tem 2 hipoteses: Ou se sobe ou se sobe!!! No entanto ou se sobe por estrada ou por uma calçada tipo Romana com alguma terra à mistura e claro... foi essa a opção tomada! Muito dificil e longa mas sem problemas de maior ( estava fresco e tinha comido e bebido bem ).
No planalto depois era sempre a rolar e a meio da tarde aparece um local que jamais esquecerei: Oseira. Oseira é um mosteiro Cistercense do século XIII que tivémos o previlégio ( por 2 euros cada ) de visitar. A visita foi conduzida por um monge que nos mostrou todos os cantos e encantos do mosteiro. Gostei muito. Aliás gostámos todos. Partimos pois estava a ficar tarde e mais uma longa e bela subida até que já mesmo ao cair da tarde chegámos a Lallin. Ficámos num Hostal. 2º dia: 90 Kms.
6- Faltavam 60 e poucos Kms para Santiago. Acordámos bem dispostos e com vontade de chegar cedo para arranjar Hostal. Nesta última etapa o caminho é tipico da Galiza mais litoral: Bosques, subidas curtas alternadas com descidas, rolar... No entanto a partir da Ponte do Ulla ( a cerca de 10 Kms ) sobe muito mas a vontade de chegar já é tanta que as pernas não se sentem. Aqui há outra história. Na ponte do ulla parámos para almoço num Café e eis que chegam 2 " velhotes", curiosamente Irmãos, um com 75 anos e outro com 71 que já vinham de Sevilha de bicicleta. Olharam para as nossas bicicletas e começaram a rir! OH pessoal! Eles vinham em 2 bicicletas sem suspensão e sem a nossa tecnologia... Fotos com eles pois eles iam ficar ali e só seguiam para Santiago no dia a seguir. 2 personagens que jamais esquecerei ( verdadeiros amantes do cicloturismo ).
7- Chegada a Santiago: Foi a minha 3ª peregrinação a esta terra ( 2005 a pé Caminho Português; 2006 de bicicleta Caminho Francês; 2007 de bicicleta Via da Prata ). Em todas elas a chegada, pelo menos a minha, é em lágrimas... Não sei porquê mas Santiago de Compostela diz-me muito e após um esforço aliado ao prazer da bicicleta e a toda a envolvência leva-me, não tenho vergonha de o dizer, às lágrimas!
Considerações finais: Estava muita gente em Santiago. Muita malta do BTT. Eu no Obradoiro ( Praça principal em frente à catedral ) também lá estava mas com a cabeça noutro lugar. Paz de espirito a 100%.
Ficámos bem instalados, fomos visitar a catedral e abraçar o Santo, e à noite foi uma brutal de uma jantarada muito bem regada.
O José Frazão é o herói desta tirada. Fiquei a saber que tem 57 anos, só anda de vez em quando de bicicleta, é Professor de ténis em Fátima e transpira jovialidade por todos os poros! A frase é dele: ISTO NÃO É PARA SER FEITO POR PESSOAS NORMAIS!
Tinha muito mais para dizer mas acho que o essencial está dito
Abraço ao Jorge Alves, Jorge Figueiras, Paulo Barreira e José Frazão. Ao BTT clube de Chaves,um beijo especial à minha Mulher que me foi buscar( a mim e ao Paulo ) ao meu filho João Pedro que fez questão em ir também e à minha filhota Sofia que ficou com os Padrinhos em Vila Real. Aos meus Pais pelo constante incentivo que me dão nestas "belas viagens".
Um abraço a todos os que conseguiram ler até ao fim
Fotos em preparação. No entanto no site do BTT clube de Chaves dentro de dias vão lá estar muitas também.
Boas pedaladas
Pedro Baptista