[Crónica] Estrela - O ataque à Torre

Bike105

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Bicicleta; Natureza; Campismo; Serra da Estrela; Volta a Portugal em Bicicleta. Tudo isto misturado dá qualquer coisa como aprox. 180 km e 4450 muito de desnível acumulado. Ainda mais, sendo apimentado com uma bike que “carregada” pesava 200 gramas acima dos 30 kg. Só de pensar no dinheiro que se gasta para poupar uma gramas...
Foi com esta mistura que passei 3 dias pela zona da Serra da Estrela. Descrevo parte dos relatos desses dias e convido todos(as) a visitarem o meu site ( http://www.bike105.com/ ) onde podem ler os relatos completos (se tiverem paciência) e ver as fotos além de obterem o track gps.


Dia 1
“Frente ao edifício da CM Gouveia tirei a foto de abertura desta aventura. Neste local estava já em preparação a festa da cidade. O destino seguinte era a característica localidade de Folgosinho. O tempo estava mau no que respeita a fotografias mas estava excelente para pedalar. O nevoeiro existente evitava um desgaste elevado fisicamente. Por esta estrada frequentemente ouvi o som de água a correr, algo muito comum numa zona de serra. O acidentado do terreno em termos de desnível, serviu como aperitivo para aquilo que viria a encontrar. Se algum frio ainda existisse, ele seria eliminado com a subida até Folgosinho. Uma foto da singela fonte que existe na entrada e um contraste entre casas e ruas preservadas no seu núcleo e modernas casas em construção nas estrada de acesso. O antes e o actual em paralelo... Aproveitei para renovar a água do camelbag e do bidom que também levava. Durante os três dias que pedalei pela Estrela nunca tive qualquer problema com água, aliás sempre de excelente sabor e frescura!
Pedalava agora com destino a Linhares da Beira. Pelo caminho atravessei Freixo da Serra e optei por parar no café local e comer uma sandes. A senhora que ai se encontrava rapidamente perguntou se eu pertencia à Volta a Portugal... Depois de alguns risos e agradáveis minutos de conversa segui viagem. Tinha planeado em fazer um atalho desde Freixo da Serra até Linhares e deixei o asfalto em direcção a uma estrada de terra. Logo no início estava um casal a tratar a terra e perguntei se o caminho dava para Linhares. O homem, depois de tirar as medidas a mim e à máquina, foi peremptório:
- Ele existe, mas com essa carga toda, existe uma zona que nem a pé a vai conseguir subir!....”

Dia 2
“Como já é tradição, pelas 8.00h tinha a bike pronta com toda a mercadoria acondicionada. Esperei um pouco pela abertura do bar do parque para tomar o pequeno-almoço. Com os desníveis que eram necessários vencer não podia facilitar com a alimentação. Algum tempo depois já saia do parque com destino a Manteigas. Neste momento já o som dos helicópteros de combate aos incêndios se sobrepunha ao silêncio da serra. Imediatamente após Vale de Amoreira existe um entroncamento do lado esquerdo que tem uma ponte. Debaixo dessa ponte existe um rio com água cristalina onde se pode, a grande distância, observar os peixes. Indicador de que aqui a poluição ainda é reduzida. Nesta altura já eram mais visíveis as nuvens de fumo dos incêndios. Pelo caminho pude observar pela primeira vez como são as placas de limitação do acesso ao interior das matas através de estradas florestais. A passagem pelo Ski Parque foi registada em foto (existe também aqui um parque de campismo), e rapidamente também a localidade do Sameiro foi ultrapassada. Estava agora a entrar em Manteigas e já podia ver as consequências do fogo: estradas cortadas pela GNR; uma densa nuvem de fumo que escurecia a luminosidade de toda a cidade. Para subir a serra apenas poderia ir direcção ao Vale do Rossim, já que a estrada junto ao Vale Glaciar estava interdita. No entanto, por precaução confirmei junto dos B.V. Manteigas se para esta zona não existiam problemas com os incêndios. No quartel deram a informação que existia uma frente de fogo nesta zona mas que não inspirava cuidados. O bombeiro que me deu esta informação, insistiu que gravasse o nº telefone do quartel no telemóvel para que em caso de emergência os contactar. Assim o fiz sem saber que mais tarde que me seria útil...”

Dia 3
“Alvorada de novo pela fresca. Aqui era realmente pela fresco já que o nevoeiro era extremamente denso, as árvores pingavam a água acumulada pela chuva e o vento fazia-se sentir. Carga acondicionada, agora com a preocupação de evitar molhar o saco cama e o colchão, e pela primeira vez este ano o recurso às protecções dos alforges para este tipo de tempo.
Quando sai do parque as duvidas eram mais que as certezas. Qual o trajecto a seguir?
Existiram alguns dados que me auxiliaram a decidir:
- Não tinha dinheiro e neste local não existia a possibilidade de recurso a pagamento por multibanco ou qualquer outro meio electrónico. Não tinha por isso possibilidade de tomar o pequeno almoço. Este facto e o denso nevoeiro eliminavam a opção de utilizar a estrada florestal. Enfrentar frio e terreno desconhecido e não marcado, com estas condicionantes era uma imprudência que não cometeria. Utilizar o acesso pelo Sabugueiro, só se não fosse possível o acesso por Manteigas. Aqui funcionou o único contacto que tinha com Manteigas, o nº telefone dos B.V. Manteigas. Após contacto fique a saber que a estrada se encontrava aberta à circulação. A opção estava tomada, descida a Manteigas, levantamento de dinheiro no Multibanco e tomar pequeno almoço antes de iniciar a subida.
Aquilo que ontem demorei quase 4 horas a fazer, agora foi percorrido em poucos minutos. Bom, com recurso a um atalho que me tinham indicado e que me conduziu até ao campo de futebol local. Antes tinha parado mais uma vez junto ao miradouro da Pousada para ver a paisagem que agora apenas tinha uma ligeira fonte de fumo. A chuva que caiu durante a noite tinha auxiliado os bombeiros. Em Manteigas, depois de levantar dinheiro (que alivio) pude finalmente tomar o pequeno-almoço. Entrei num modesto e simples café onde pedi uma sandes para comer e duas para levar (não fosse ser necessário). A sandes que comi junto com o galão estava muito boa e o preço final foi uma agradável surpresa. Alguma conversa sobre os quilómetros que era necessário percorrer até à Torre e do estado da estrada que agora estava em perigo eminente de derrocada, já que as árvores e raízes que suportavam as rochas, agora estavam queimadas. Este foi um dos maiores argumentos para o cancelamento deste percurso da Volta...”

Boas Pedaladas
Bike105
 

José Carlos

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Estrela - O ataque à Torre

Caro amigo António, mais uma grande aventura, a julgar pelo relato e fotos da mesma. :wink:

Só para fazer crescer água na boca, aqui fica uma pequena amostra do que podem encontrar no site:
DSC02369_JPG.jpg


O resto das fotas podem e dever passar pelo site para ver, não só as deste passeio, como de muitos outros, todos espectaculares.

Tenho mesmo que me apressar a comprar os alforges e experimentar uma viagem dessas, em total autonomia. :p

Já agora, aproveitei para adicional o link da sua página à mensagem anterior, para o pessoal que anda distraído.

Ah! E já agora, para quando um link na sua página, aqui para o Fórum Btt? (olha o crava) :lol: :lol:
 

Bike105

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Estrela - O ataque à Torre

Caro amigo,
Em primeiro lugar o meu obrigado por ter colocado o link do site, esqueci-me... :oops:

Tem toda a razão quanto ao link para o ForumBtt. Por isso, já está!

Iniciei o trabalho hoje mas, já estou com saudades da bicicleta e dos alforges.

Boas pedaladas
Bike105
 

ruimatias

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Estrela - O ataque à Torre

mais um verao passou e eu sem comprar os ditos ( pois nao deu por motivo de lesao ) :(

e estes relatos que me fazem pensar em comprar uns alforges e ir correr esse portugal fora :D :D

porque sair de portugal se nem o nosso pais conhecemos :idea:
 
H

Hugo Carvalho

Guest
Estrela - O ataque à Torre

Vale a pena sem dúvida visitar o site deste nosso companheiro do pedal!! Está muito bem construído, mostra uma verdadeira paixão por este nosso vício e as fotos e crónicas mostram realmente a essência deste desporto! :wink: Muitos parabéns!! =D>

"Oh amigo, não tem esse selim muito alto?"

Onde é que eu já ouvi isto? :lol: :lol: :lol:

Cumprimentos betetistas

Hugo Carvalho
 
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