[Crónica] Algarve - De Lés a Lés

Bike105

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Olá,
Embora já me tenha registado, faz algum tempo, neste forum nunca tinha participado. Aproveitei este pretexto para o fazer. Espero que gostem.

Depois de ver frustrada a minha participação naquilo que seria a aventura betetistica deste ano, resolvi preparar e realizar uma aventura solitária em completa autonomia. Assim, idealizei um traçado a que chamei de: Algarve - De Lés a Lés.

Com saída do Cabo S. Vicente e chegada a V.R. Sto António, utilizei um percurso que privilegiou a serra em detrimento do litoral. Foram 4 dias a fazer aquilo que realmente gosto: Desfrutar a bicicleta.

Dos dados registados pelo gps, obtive os seguintes elementos: 300 km de distância e 5200 metros de desnível acumulado. Num total de 4 dias de pedalada.

Para não sobrecarregar demasiado, transcrevo excertos dos relatos que escrevi:



Dia 1

“Quando sai do carro, a baixa temperatura e o forte vento que se faziam sentir, prometiam uma etapa atribulada. A fixação dos alforges, devido aos eficientes encaixes dos mesmos, foi rápida e a colocação da tenda: saco cama e colchão de ar, foi conseguida com recurso a esticadores elásticos.

Logo nos primeiros metros, o peso da bicicleta fez-se sentir. As centenas de metros necessários percorrer em asfalto até virar para um caminho em direcção a Vila do Bispo, foram rapidamente ultrapassados. Neste caminho, dividido entre terra e asfalto, encontrei mais areia que o previsto, no entanto, e de uma forma inesperada, o peso adicional que os alforges provocavam na traseira da bike fornecia uma estabilidade na transição deste obstáculo. Alcançada Vila do Bispo, foi necessário rumar a norte, pela Nac.268. Alguns quilómetros à frente deixei esta EN seguindo em direcção a Vilarinha, utilizando uma estrada que embora seja asfaltada, prima pela quase ausência de trânsito. Na parte final dessa estrada, é possível desfrutar uma magnifica vista sobre o silencioso vale que se estende aos nossos pés. Até aqui o trajecto que idealizei através do GPS estava a coincidir na totalidade. Isto possibilitava uma maior rapidez na encruzilhada de estradas que por aqui existe...”



Dia 2

“Depois do pequeno-almoço e da montagem de todo a “carga” na bike, iniciei a etapa deste dia, nada melhor que iniciar com a subida, que devido a uma alteração de trânsito, é agora obrigatória de realizar até ao cruzamento da Foia. Aqui, confesso que parei para decidir se me deslocaria à Foia ou não. Mas, devido à hora tardia de saída e ao calor que aumentava assustadoramente, optei por continuar de imediato. A estrada para Alferce estava devidamente assinalada e a estrada tinha umas sombras que auxiliavam a suportar o forte calor que já abrasava o asfalto. Na EN257 entre Monchique e Alferce, pode-se assistir a um contraste entre as áreas verdejantes que escaparam aos fogos e outras destruídas que foram consumidas pelas chamas. Neste trajecto pude constatar que o track gps que tinha previamente desenhado, simplesmente tinha desaparecido, ou seja, tinha de recorrer ao mapa convencional para realizar o trajecto.

Tinha programado utilizar estradas camarárias no sentido de evitar a movimentada EN124, só que a ajuda do gps tinha terminado e daqui para a frente e até S. Bartolomeu de Messines as paragens foram uma constante pela necessidade de confirmar a direcção a seguir, agravada pela falta de placas indicadores do nome das localidades. Pior ainda, quando as poucas pessoas que encontrei não me sabiam indicar a direcção de algumas localidades que vêm no mapa...”



Dia 3

“As dificuldades que tinha passado no dia anterior fizeram com que iniciasse o dia mais cedo, de forma a evitar o calor. Pelas 7h da manhã já pedalava para a saída de Alte em direcção a Benafim. Nesta localidade tomei o rumo de Alto Fica, cujo nome faz jus à sua posição geográfica. Mas que grande ascendente logo pela manhã e antes de tomar o pequeno-almoço!

Já em Querença tive uma das situações mais divertidas desta aventura. Na entrada desta localidade existe uma fonte onde corre abundantemente água por duas condutas. A água é muito fresca e tem uma espécie de tanque que retém o excesso que cai da fonte. Aproveitei a água para lavar a cara, mas pouco depois estava descalço e sentado no parapeito do tanque com os pés a refrescar. Ao observar que o tanque tinha uma profundidade maior que o normal e que a água era de tal forma cristalina que se podia observar o fundo, não resisti a saltar para o seu interior. Mas que bem que soube! Estar apenas com a cabeça de fora a sentir a água cair por cima dela. Foram uns momentos que nunca trocaria por um bom ar-condicionado....”



Dia 4

"Mais uma vez preparei a bike e garanti a fixação do equipamento (Alforges; tenda; saco; colchão) e iniciei esta etapa. A novidade era que seguiria o caminho recomendado na noite anterior e não o que tinha programado (onde é que estava esse...?). Tinha plena consciência de que nesta etapa não poderia sofrer enganos de percurso quer pelo desnível adicional que isso poderia acarretar quer pela ausência de sombras que o local padecia. O percurso escolhido era: Cachopo; Casas Baixas; Amoreira; Monchique; Motinho da Revelação; Malfrade; Soudes e Furnazinhas.

Quando tive de ultrapassar o novo IC que liga a Via do Infante a Mertola, fiquei com dúvidas por falta de indicações nesse local, como a única pessoa que observei foi um idoso que seguia no seu burro, dirigi-me a ele para lhe pedir a informação. Aquilo que não previa era que pelo facto de o alcançar pela retaguarda a minha chegada foi uma surpresa que quase ia causando um enfarte no pobre homem…

Depois deste episódio, seguia agora em direcção a Tenencia, mas quando se chega ao final da descida a visão que se nos depara é de facto assustadora: Imaginem aqueles castelos que estão em cima do monte e para lá chegar existe uma estrada que serpenteia constantemente um dos lados desse monte. Para agravar, o calor estava insuportável. Quando me propunha a iniciar o “ataque ao castelo” verifiquei numa placa indicativa de diversos percursos pedestres/Btt. Pude ver que existia um percurso que tinha como destino o mesmo que eu tinha programado: Foz de Odeleite.

No próximo cruzamento tomei uma decisão que me custaria caro em termos físicos. Embora as placas me indicassem para um dos lados, estava plenamente convencido que estava situado numa das margens do rio Odeleite, e assim tinha que seguir pela margem esquerda do mesmo. Depois de descer algum tempo deparei com uma passagem que aparentemente vinha confirmar o que tinha observado quando da criação do trajecto. Aqui o track gps teria sido de grande valor, mas por razões que desconhecia nesse momento, este simplesmente não estava visível..."



Não disponibilizei os relatos completos para não se tornar demasiado pesado, mas quem quiser ler os relatos completos, visualizar as fotos ou obter os track gps, pode visitar o meu site em www.bike105.com



Boas pedaladas

Bike105
 

fire4me

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Algarve - De Lés a Lés

boas

gostei bastante do teu site =D> =D> , e recomendo a todos uma leitura mais demorada dos relatos de todas as outras aventuras que por la existem. la estou eu cheio de vontade de pegar na bike e ir andar :roll:
 

marafado

New Member
Algarve - De Lés a Lés

boas,

que grande aventureiro! :D ...
Parabens pelo site, e continuação de boas aventuras.

cumps,

Marafado.
 

TheTraveler

Active Member
Algarve - De Lés a Lés

=D>
sign_cool.gif
Parabéns pela força de vontade, 99,5% das pessoas com esse "problema" escolhia ficar em casa a ver TV.
Pedalar com esses cranks reduzidos deve custar que se farta, ainda mais a subir a fóia por aquele lado.
Mete um link no tópico dos roteiros GPS para o teu site, é mais fácil pra quem usa GPS aqui do fórum encontrar se estiver lá.
 

Paulo M

Member
Algarve - De Lés a Lés

sim senhor, granda pinta (a página e as aventuras betetisticas)
Parabéns e continua =D>

O desporto em Portugal, não é a minoria que ganha fortunas a correr, a saltar e a chutar uma bola. O desporto em Portugal, somos nós...que exercitamos uma actividade, com as limitações de tempo que temos, com as dificuldades que nos surgem e com tudo isso, mesmo assim, vencemos e continuamos a praticar desporto.

Viva o BTT e viva nós.


(hoje tou com a moral em alta....) SOMOS OS MAIORES :D :D
 
Algarve - De Lés a Lés

Amigo

É deste Povo que o Povo gosta :shock:

Aqui o Povo MariaBolacha mais uma vez agradece os Traks que tens emprestado, especialmente aquele até ao Sobral.

Fabulástica aventura, como sempre .... Se precisares de qualquer coisa é só pedir .... ao Pedro da audatex :twisted: (brincadeira)

www.mariabolacha.web.pt
 

Marreiros

Active Member
Algarve - De Lés a Lés

Parabens!!!

Quem passa pelo Alferce e pela Foia em dias de "brasa" e ainda por cima com a bike montada com esse material todo merece uma salva de palmas! =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D> =D>

Continua sempre com esse espirito "Go for it!" 8)
 

fatjonh

New Member
Algarve - De Lés a Lés

Boas

Estás de parabens, e mais não posso dizer está demais.

Continua com essa força, és um exemplo a seguir. :wink:
 

José Carlos

New Member
Algarve - De Lés a Lés

Olá caro António, e bem vindo ao Fórum Btt.

Não há muitas palavras para descrever aquilo que o amigo tem feito em cima de uma bicicleta.
Não só conseguiu vencer de forma absolutamente espantosa o "pequeno" obstáculo fisico que alterou a sua vida,
como ainda se tornou um adepto fervoroso deste mundo que nos faz sentir vivos.

Já tive o prazer de pedalar ao seu lado (em mais do que um passeio Ciclonatur), e pude constatar
a sua determinaçao e realmente só a altura do selim é que chama a atenção para qualquer coisa de diferente.
Embora não tenhamos trocado mais do que umas breves palavras (eu tb não sou de muitas falas), fiquei sempre
com uma ideia de que estava na presença de alguém com uma grande preserverança e força de vontade.
Já por várias vezes falei do seu caso (e de outros parecidos, tipo Brett Wolf) a pessoas que começam
a arranjar desculpas para deixar de andar de bike assim que surge um qualquer constrangimento fisico nas suas vidas.

É graças a pessoas como vós que eu acho que tenho arranjado forças para vencer esta maldita hérnia discal,
que insiste em querer fazer com que eu deixe de disfrutar das maravilhas da natureza que só o BTT nos porporciona.
Mas como disse o "outro": Escolheu mal o corpo para vir morar, a maldita.

Parabéns pelo site, mais uma vêz bem vindo a este Fórum, e espero que continue a brindar-nos com as suas participações.

P.S. Um dia ainda o convenço a fazer novamente a Rota das Aldeias Históricas, que é uma coisa
que eu já ando para fazer há muito tempo.
Só me falta convencer o Pedro Cardoso, que assim que a filhota deixar, tem que alinhar também.

Um abraço. :wink:
 

Bike105

New Member
Algarve - De Lés a Lés

Obrigado.

Não escondo que são motivantes as vossas mensagens. Neste momento estou a "esgotar" as férias mas, quando voltar a casa, vou relatar-vos mais alguns dias passados de alforges às costas pela Serra da Estrela, onde inclui uma subida à Torre para ver a passagem da Volta a Portugal a Bicicleta.

Boas pedaladas
Bike105
 

asb206gti

New Member
Algarve - De Lés a Lés

Bike105,

da minha parte... PARABENS.

Simplesmente fabuloso a maneira como deste a volta ao teu "problema", que na realidade não foi problema nenhum ...

Tu tinhas um problema..e transformaste-o num obstaculo...e como não há obstaculos intransponiveis..aqui tens o resultado...

"Ó amigo o selin não esta um pouco alto" ehehe :lol: :lol:
 
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