Olá,
Embora já me tenha registado, faz algum tempo, neste forum nunca tinha participado. Aproveitei este pretexto para o fazer. Espero que gostem.
Depois de ver frustrada a minha participação naquilo que seria a aventura betetistica deste ano, resolvi preparar e realizar uma aventura solitária em completa autonomia. Assim, idealizei um traçado a que chamei de: Algarve - De Lés a Lés.
Com saída do Cabo S. Vicente e chegada a V.R. Sto António, utilizei um percurso que privilegiou a serra em detrimento do litoral. Foram 4 dias a fazer aquilo que realmente gosto: Desfrutar a bicicleta.
Dos dados registados pelo gps, obtive os seguintes elementos: 300 km de distância e 5200 metros de desnível acumulado. Num total de 4 dias de pedalada.
Para não sobrecarregar demasiado, transcrevo excertos dos relatos que escrevi:
Dia 1
“Quando sai do carro, a baixa temperatura e o forte vento que se faziam sentir, prometiam uma etapa atribulada. A fixação dos alforges, devido aos eficientes encaixes dos mesmos, foi rápida e a colocação da tenda: saco cama e colchão de ar, foi conseguida com recurso a esticadores elásticos.
Logo nos primeiros metros, o peso da bicicleta fez-se sentir. As centenas de metros necessários percorrer em asfalto até virar para um caminho em direcção a Vila do Bispo, foram rapidamente ultrapassados. Neste caminho, dividido entre terra e asfalto, encontrei mais areia que o previsto, no entanto, e de uma forma inesperada, o peso adicional que os alforges provocavam na traseira da bike fornecia uma estabilidade na transição deste obstáculo. Alcançada Vila do Bispo, foi necessário rumar a norte, pela Nac.268. Alguns quilómetros à frente deixei esta EN seguindo em direcção a Vilarinha, utilizando uma estrada que embora seja asfaltada, prima pela quase ausência de trânsito. Na parte final dessa estrada, é possível desfrutar uma magnifica vista sobre o silencioso vale que se estende aos nossos pés. Até aqui o trajecto que idealizei através do GPS estava a coincidir na totalidade. Isto possibilitava uma maior rapidez na encruzilhada de estradas que por aqui existe...”
Dia 2
“Depois do pequeno-almoço e da montagem de todo a “carga” na bike, iniciei a etapa deste dia, nada melhor que iniciar com a subida, que devido a uma alteração de trânsito, é agora obrigatória de realizar até ao cruzamento da Foia. Aqui, confesso que parei para decidir se me deslocaria à Foia ou não. Mas, devido à hora tardia de saída e ao calor que aumentava assustadoramente, optei por continuar de imediato. A estrada para Alferce estava devidamente assinalada e a estrada tinha umas sombras que auxiliavam a suportar o forte calor que já abrasava o asfalto. Na EN257 entre Monchique e Alferce, pode-se assistir a um contraste entre as áreas verdejantes que escaparam aos fogos e outras destruídas que foram consumidas pelas chamas. Neste trajecto pude constatar que o track gps que tinha previamente desenhado, simplesmente tinha desaparecido, ou seja, tinha de recorrer ao mapa convencional para realizar o trajecto.
Tinha programado utilizar estradas camarárias no sentido de evitar a movimentada EN124, só que a ajuda do gps tinha terminado e daqui para a frente e até S. Bartolomeu de Messines as paragens foram uma constante pela necessidade de confirmar a direcção a seguir, agravada pela falta de placas indicadores do nome das localidades. Pior ainda, quando as poucas pessoas que encontrei não me sabiam indicar a direcção de algumas localidades que vêm no mapa...”
Dia 3
“As dificuldades que tinha passado no dia anterior fizeram com que iniciasse o dia mais cedo, de forma a evitar o calor. Pelas 7h da manhã já pedalava para a saída de Alte em direcção a Benafim. Nesta localidade tomei o rumo de Alto Fica, cujo nome faz jus à sua posição geográfica. Mas que grande ascendente logo pela manhã e antes de tomar o pequeno-almoço!
Já em Querença tive uma das situações mais divertidas desta aventura. Na entrada desta localidade existe uma fonte onde corre abundantemente água por duas condutas. A água é muito fresca e tem uma espécie de tanque que retém o excesso que cai da fonte. Aproveitei a água para lavar a cara, mas pouco depois estava descalço e sentado no parapeito do tanque com os pés a refrescar. Ao observar que o tanque tinha uma profundidade maior que o normal e que a água era de tal forma cristalina que se podia observar o fundo, não resisti a saltar para o seu interior. Mas que bem que soube! Estar apenas com a cabeça de fora a sentir a água cair por cima dela. Foram uns momentos que nunca trocaria por um bom ar-condicionado....”
Dia 4
"Mais uma vez preparei a bike e garanti a fixação do equipamento (Alforges; tenda; saco; colchão) e iniciei esta etapa. A novidade era que seguiria o caminho recomendado na noite anterior e não o que tinha programado (onde é que estava esse...?). Tinha plena consciência de que nesta etapa não poderia sofrer enganos de percurso quer pelo desnível adicional que isso poderia acarretar quer pela ausência de sombras que o local padecia. O percurso escolhido era: Cachopo; Casas Baixas; Amoreira; Monchique; Motinho da Revelação; Malfrade; Soudes e Furnazinhas.
Quando tive de ultrapassar o novo IC que liga a Via do Infante a Mertola, fiquei com dúvidas por falta de indicações nesse local, como a única pessoa que observei foi um idoso que seguia no seu burro, dirigi-me a ele para lhe pedir a informação. Aquilo que não previa era que pelo facto de o alcançar pela retaguarda a minha chegada foi uma surpresa que quase ia causando um enfarte no pobre homem…
Depois deste episódio, seguia agora em direcção a Tenencia, mas quando se chega ao final da descida a visão que se nos depara é de facto assustadora: Imaginem aqueles castelos que estão em cima do monte e para lá chegar existe uma estrada que serpenteia constantemente um dos lados desse monte. Para agravar, o calor estava insuportável. Quando me propunha a iniciar o “ataque ao castelo” verifiquei numa placa indicativa de diversos percursos pedestres/Btt. Pude ver que existia um percurso que tinha como destino o mesmo que eu tinha programado: Foz de Odeleite.
No próximo cruzamento tomei uma decisão que me custaria caro em termos físicos. Embora as placas me indicassem para um dos lados, estava plenamente convencido que estava situado numa das margens do rio Odeleite, e assim tinha que seguir pela margem esquerda do mesmo. Depois de descer algum tempo deparei com uma passagem que aparentemente vinha confirmar o que tinha observado quando da criação do trajecto. Aqui o track gps teria sido de grande valor, mas por razões que desconhecia nesse momento, este simplesmente não estava visível..."
Não disponibilizei os relatos completos para não se tornar demasiado pesado, mas quem quiser ler os relatos completos, visualizar as fotos ou obter os track gps, pode visitar o meu site em www.bike105.com
Boas pedaladas
Bike105
Embora já me tenha registado, faz algum tempo, neste forum nunca tinha participado. Aproveitei este pretexto para o fazer. Espero que gostem.
Depois de ver frustrada a minha participação naquilo que seria a aventura betetistica deste ano, resolvi preparar e realizar uma aventura solitária em completa autonomia. Assim, idealizei um traçado a que chamei de: Algarve - De Lés a Lés.
Com saída do Cabo S. Vicente e chegada a V.R. Sto António, utilizei um percurso que privilegiou a serra em detrimento do litoral. Foram 4 dias a fazer aquilo que realmente gosto: Desfrutar a bicicleta.
Dos dados registados pelo gps, obtive os seguintes elementos: 300 km de distância e 5200 metros de desnível acumulado. Num total de 4 dias de pedalada.
Para não sobrecarregar demasiado, transcrevo excertos dos relatos que escrevi:
Dia 1
“Quando sai do carro, a baixa temperatura e o forte vento que se faziam sentir, prometiam uma etapa atribulada. A fixação dos alforges, devido aos eficientes encaixes dos mesmos, foi rápida e a colocação da tenda: saco cama e colchão de ar, foi conseguida com recurso a esticadores elásticos.
Logo nos primeiros metros, o peso da bicicleta fez-se sentir. As centenas de metros necessários percorrer em asfalto até virar para um caminho em direcção a Vila do Bispo, foram rapidamente ultrapassados. Neste caminho, dividido entre terra e asfalto, encontrei mais areia que o previsto, no entanto, e de uma forma inesperada, o peso adicional que os alforges provocavam na traseira da bike fornecia uma estabilidade na transição deste obstáculo. Alcançada Vila do Bispo, foi necessário rumar a norte, pela Nac.268. Alguns quilómetros à frente deixei esta EN seguindo em direcção a Vilarinha, utilizando uma estrada que embora seja asfaltada, prima pela quase ausência de trânsito. Na parte final dessa estrada, é possível desfrutar uma magnifica vista sobre o silencioso vale que se estende aos nossos pés. Até aqui o trajecto que idealizei através do GPS estava a coincidir na totalidade. Isto possibilitava uma maior rapidez na encruzilhada de estradas que por aqui existe...”
Dia 2
“Depois do pequeno-almoço e da montagem de todo a “carga” na bike, iniciei a etapa deste dia, nada melhor que iniciar com a subida, que devido a uma alteração de trânsito, é agora obrigatória de realizar até ao cruzamento da Foia. Aqui, confesso que parei para decidir se me deslocaria à Foia ou não. Mas, devido à hora tardia de saída e ao calor que aumentava assustadoramente, optei por continuar de imediato. A estrada para Alferce estava devidamente assinalada e a estrada tinha umas sombras que auxiliavam a suportar o forte calor que já abrasava o asfalto. Na EN257 entre Monchique e Alferce, pode-se assistir a um contraste entre as áreas verdejantes que escaparam aos fogos e outras destruídas que foram consumidas pelas chamas. Neste trajecto pude constatar que o track gps que tinha previamente desenhado, simplesmente tinha desaparecido, ou seja, tinha de recorrer ao mapa convencional para realizar o trajecto.
Tinha programado utilizar estradas camarárias no sentido de evitar a movimentada EN124, só que a ajuda do gps tinha terminado e daqui para a frente e até S. Bartolomeu de Messines as paragens foram uma constante pela necessidade de confirmar a direcção a seguir, agravada pela falta de placas indicadores do nome das localidades. Pior ainda, quando as poucas pessoas que encontrei não me sabiam indicar a direcção de algumas localidades que vêm no mapa...”
Dia 3
“As dificuldades que tinha passado no dia anterior fizeram com que iniciasse o dia mais cedo, de forma a evitar o calor. Pelas 7h da manhã já pedalava para a saída de Alte em direcção a Benafim. Nesta localidade tomei o rumo de Alto Fica, cujo nome faz jus à sua posição geográfica. Mas que grande ascendente logo pela manhã e antes de tomar o pequeno-almoço!
Já em Querença tive uma das situações mais divertidas desta aventura. Na entrada desta localidade existe uma fonte onde corre abundantemente água por duas condutas. A água é muito fresca e tem uma espécie de tanque que retém o excesso que cai da fonte. Aproveitei a água para lavar a cara, mas pouco depois estava descalço e sentado no parapeito do tanque com os pés a refrescar. Ao observar que o tanque tinha uma profundidade maior que o normal e que a água era de tal forma cristalina que se podia observar o fundo, não resisti a saltar para o seu interior. Mas que bem que soube! Estar apenas com a cabeça de fora a sentir a água cair por cima dela. Foram uns momentos que nunca trocaria por um bom ar-condicionado....”
Dia 4
"Mais uma vez preparei a bike e garanti a fixação do equipamento (Alforges; tenda; saco; colchão) e iniciei esta etapa. A novidade era que seguiria o caminho recomendado na noite anterior e não o que tinha programado (onde é que estava esse...?). Tinha plena consciência de que nesta etapa não poderia sofrer enganos de percurso quer pelo desnível adicional que isso poderia acarretar quer pela ausência de sombras que o local padecia. O percurso escolhido era: Cachopo; Casas Baixas; Amoreira; Monchique; Motinho da Revelação; Malfrade; Soudes e Furnazinhas.
Quando tive de ultrapassar o novo IC que liga a Via do Infante a Mertola, fiquei com dúvidas por falta de indicações nesse local, como a única pessoa que observei foi um idoso que seguia no seu burro, dirigi-me a ele para lhe pedir a informação. Aquilo que não previa era que pelo facto de o alcançar pela retaguarda a minha chegada foi uma surpresa que quase ia causando um enfarte no pobre homem…
Depois deste episódio, seguia agora em direcção a Tenencia, mas quando se chega ao final da descida a visão que se nos depara é de facto assustadora: Imaginem aqueles castelos que estão em cima do monte e para lá chegar existe uma estrada que serpenteia constantemente um dos lados desse monte. Para agravar, o calor estava insuportável. Quando me propunha a iniciar o “ataque ao castelo” verifiquei numa placa indicativa de diversos percursos pedestres/Btt. Pude ver que existia um percurso que tinha como destino o mesmo que eu tinha programado: Foz de Odeleite.
No próximo cruzamento tomei uma decisão que me custaria caro em termos físicos. Embora as placas me indicassem para um dos lados, estava plenamente convencido que estava situado numa das margens do rio Odeleite, e assim tinha que seguir pela margem esquerda do mesmo. Depois de descer algum tempo deparei com uma passagem que aparentemente vinha confirmar o que tinha observado quando da criação do trajecto. Aqui o track gps teria sido de grande valor, mas por razões que desconhecia nesse momento, este simplesmente não estava visível..."
Não disponibilizei os relatos completos para não se tornar demasiado pesado, mas quem quiser ler os relatos completos, visualizar as fotos ou obter os track gps, pode visitar o meu site em www.bike105.com
Boas pedaladas
Bike105