Viva!
paff, vejo-te com um certo receio perante o quadro que tens pela frente, o de tornares a ser operado ao quisto dermóide. Não querendo deixar aqui um testemunho tipo os que podemos ver na Praça da Alegria ou similar e resumindo o que se passou comigo, cá vai... há cerca de 7 anos apareceu-me um "inchasso" ao fundo das costas, no prazo de dois dias deixei de conseguir andar. Dirigi-me ao hospital, foi um episódio fantástico, fui lancetado practicamente a sangue frio, uma vez que senti o bisturi a rasgar-me a pele... enfim... o que é certo é que drenou e fiquei logo aliviado. Ao fim de 1 dia estava cicatrizado. Passado um ano a situação repetiu-se, encheu e lá fui eu parar ao Hospital para levar mais uma navalhada, desta feita com uma anestesia mais simpática... neste episódio o cirurgião informou-me que deveria contactar a minha médica de família a fim de marcar uma consulta de cirurgia no Hospital e por fim remover a chamemos-lhe "cápsula" do quisto, o que me deixou logo a cortar de fininho, uma vez que eu nem para realizar análises ao sangue me aguento sem desmaiar tal é o pânico (portanto paff tás na boa!).
Após este segundo episódio nunca mais tive o quisto cicatrizado, ficando sempre a chamada "fístula" que o faria drenar por ele próprio, mas deixando uma horrível sensação a "humidade", parecia que estava com uma "mini-mini-menstruação" mas em vez de sangue era uma nhaca qualquer, muito inconveniente e incómoda pela clara falta de higiéne que daí resultava. Ainda andei neste estado durante uns meses, tentando ganhar coragem para ir à médica de família e então ir ao Hospital fazer a cirurgia... custou mas lá fui, ganhei coragem e aí vai ele!!!
Como muitos de voçês sabem, para se fazer uma cirurgia é necessário realizar alguns exames, no meu caso realizei Raio-X ao torax, ECG e análises ao sangue, estes dois últimos realizados no Hospital, e aqui começa o meu martirio... Quando dou por mim estava com uma fila de espera para tirar sangue aí com umas 30 pessoas, ora se para quem não tem problemas em tirar sanque apanhar 30 pessoas já é dose, imaginem para mim que vou aos arames com tal coisa... foi horrível, quando chegou a minha vez, só me lembro do enfermeiro me perguntar "... está bem disposto?" e de seguida espetou-me a agulha tipo como os veterinários fazem aos cavalos... e zau estendi-me redondo no chão já desmaiado. Quero acreditar que este sujeito estava num dia mau, daqueles que todos temos e que não repete aquele procedimento com mais nenhum utente do serviço nacional de saúde!
Certo dia lá vou eu para a cirurgia, regime ambulatório, cheguei lá de manhã cedo tipo 8h e fiquei à espera até às 11h, e aqui entra a atenção que a anestesista teve para comigo, uma vez que lhe tinha dito aquando da consulta que tive com ela, alertei-a para o meu "pânico" quer de agulhas, sangue, cortes etc etc..., uma vez que mandou-me tomar um calmante para relaxar para a cirurgia, e se aquilo me deu uma moca daquelas...
Às tantas já estou na sala de operações e a anestesista farta de me picar a cervical para aplicar a epidural, às tantas desistiu uma vez que não "aceitava" (palavras dela) a anestesia pela meu estado de ansiedade e excitação, ou seja, passei da epidural para geral. Aí mais uma peripécia, a enfermeira queria (sim queria) espetar-me a agulha para aplicar o soro... puff apaguei-me, desmaiei, resultando num cancelamento imediato da cirurgia.
Foi-me comunicado que seria agendada nova data para a cirurgia, desta feita pernoitando eu no Hospital e sendo operado no dia seguinte pela manhã, para mim era pacíifico.
E lá estou eu mais uma vez a caminho da sala de cirurgia, então não é que apanho um "engarrafamento" de macas à entrada da dita, e tive logo a sorte de ficar ao lado de um senhor que gritava imenso com dores, às tantas olho para ele e vi a bata que tinha vestida cheia de sangue... óptimo para me acalmar... mas às tantas sinto agarrarem-me a mão direita, reparei que era a mesma enfermeira da última tentativa anterior, reconheceu-me logo, era bem fixe, aplicou-me uma pomada nas costas da mão, local onde iria ligar o soro (viria a saber mais tarde que aquela pomada tem efeito analgésico :mrgreen
Após me ligarem os sensores todos para monitorização, lá me colocaram a máscara e puff, adormeci calmamente (pensei eu...). A cirurgia demorou cerca de 2h, isto porque me cortaram desde o bujon até ao coxis, limparam tudo, e levei 5 pontos para a esquerda e mais 5 para a direita, resultado da limpeza efectuada às raízes que o quisto já tinha desenvolvido.
Vim a saber pela enfermeira estagiária que me acompanhou durante o dia seguinte à operação que dei um espectáculo dos diabos na sala da cirurgia, fiz paragem respiratória (taquicárdia acho, n tenho a certeza) isto já após a operação estar concluída, ou seja voltaram a entubar-me... segundo ela preguei um susto daqueles àquela malta... nunca viram nada assim. Este episódio foi-me também descrito também pela médica que me operou, com um ar estupefacto, que nunca tinha visto nada semelhante, uma vez que o que me aconteceu não tinha razão de ser, sou saudável, sempre pratiquei desporto, não tinha qualquer antecedente de nada do género... e a cirurgia tinha corrido até àquela altura muito bem!
Foram 2 meses que estive de baixa, uma vez que a minha foi em modo "aberto". Entre vários testemunhos de enfermeira(o)s aquando da substituição do penso, várias foram as formas e métodos aconselhados para que a ferida fechasse de uma forma mais célere. Uns diziam que não deveria molhar, algo que cumpri à regra, apesar de me dar imenso trabalho aquando tomava banho, tendo de repartir em duas partes, primeiro da cintura para cima e depois da cintura para baixo. A dada altura um enfermeiro confrontado com o que lhe disse, que estava a demorar tanto tempo a fechar que ele me disse "Rui, molhas essa ferida?", disse-lhe que não, que tinha-me sido proíbido tal coisa, ao que ele me disse "Olha, experimenta tomares banho normalmente, mas sem que passes quer champôo quer outros produtos pela ferida, e depois vês!". Epá então e não é que aquilo foi melhorando e notei uma evolução na cicatrização :ideia:
Um detalhe, o meu penso ao início era feito com compressas iodoformadas, que emanavam um smell daqueles, mas que ao fim de pouco tempo resultou em irritações quer na ferida quer nos glúteos. As compressas foram substituídas pelas normais, facto que fez demorar mais a recuperação.
Chama ainda a atenção para as pinadas, vulgo sexo, as compressas colavam-se aos glúteos devido à transpiração e depois no dia seguinte até via estrelas quando a enfermeira me retirava o penso... depilação...
portanto cortem na ração :!:
Espero não ter aborrecido ninguém com o sermão, tentei resumir... :mrgreen: e se houver alguma dúvida ou questão que possa ajudar... contém comigo.
Rui Correia