Caminho Francês de Santiago by Super.Byke – 16 e 23 Junho 2012

[super.byke]

Planeamento
A ideia de fazer o Caminho Francês apareceu depois de ler várias crónicas sobre o mesmo e depois de ter feito o Caminho Português em 2011.
O Planeamento começou em Outubro de 2011 com a recolha de toda a informação possível sobre percurso, etapas, altimetrias, bagagens a levar, transporte para Saint Jean Pied de Port (SJPP), albergues, etc.
Deste levantamento considero relevantes os seguintes endereços:

endereços visitados
http://www.forumbtt.net/showthread....Sean-Jean-Pied-de-Port-Santiago-de-Compostela
http://www.forumbtt.net/showthread....-8-1-Etapas-Saint-Jean-gt-Santiago-Finisterra
http://caminhacomigo.wordpress.com/
http://caminodesantiago.consumer.es/camino-en-bici/etapas/#camino-frances
http://www.gronze.com/camino-de-santiago/camino-frances.htm
http://www.mundicamino.com/rutas.cfm?id=15
http://www.mapacaminosantiago.es/caminofrances/06-estella-losarcos.htm
http://www.elcaminosantiago.com/PDF/Profiles_Camino_Frances_27_Etapas.pdf
https://sites.google.com/site/oswaldovdpl/caminho-de-santiago/breve-historia/1a-jornada
http://acaminhodesantiago.wordpress.com/
http://www.dobrarfronteiras.com/moc...iago-material-necessario-peregrino-portugues/


Em conversas com amigos surgiu a disponibilidade do amigo Override em me acompanhar, pelo que o planeamento da viagem foi feito a pensar em 2 “bicigrinos”!!!

A viagem para SJPP
As datas escolhidas foram condicionadas pela atividade profissional, pelo que se escolheu a semana de 15 a 23 de Junho de 2012.
O objetivo era fazer o caminho em 8 dias… sempre me disseram que seria pouco tempo, mas eu pensava e mantenho “mais vale fazer em 8 dias do que não fazer!!!”
O objetivo seria fazer os kilometros possíveis, iniciando a jornada por volta das 07h30 e terminar por volta das 18h00, sendo que no primeiro dia apenas andariamos de tarde e no último pretendiamos chegar a Santiago por volta das 12h.

O comboio foi a escolha para a viagem do Porto até SJPP. Os bilhetes para os mesmos forma comprados com antecedência para evitar filas. De notar que o Sud Express termina em Hendaya e de Hendaya para SJPP tem que se apanhar 2 comboios (Hendaye – Bayonne e Bayonne – SJPP)
Os bilhetes Porto - Coimbra B e Coimbra B - Hendaye foram comprados na estação de Campanhã. Os bilhetes para Hendaye – SJPP foram comprados on-line no site da SFCF (http://www.tgv-europe.com), tendo os mesmos sido enviados por correio para a minha casa de forma gratuita (bom serviço!!!)
Desta forma foi possível apanhar os seguintes comboios:
Campanhã – Coimbra B 16h52 – 17h59
Coimbra B – Hendaye 18h51 – 07h10
Hendaye – Bayonne 07:20 – 07:59
Bayonne – Saint Jean Pied de Port 08:20 – 09:38

Desta forma chegamos por volta das 10h a SJPP …
Atendendo a que não alugamos a “carruagem cama” em regime familiar, tivemos que desmontar as bikes de tal forma que embaladas não se identificasse que eram bikes. Isto obrigou-nos a desmontar as bikes todas (suspensão, guiador/avanço, pedaleira, desviador, suporte alforges, etc) tendo as mesmas ficadas com o aspeto da foto.

No site da CP informam que cada passageiro pode transportar no máximo 3 embalagens, que era o nosso caso, contudo o revisor mal nos viu disse logo “vocês têm bagagem a mais!!!”… contudo lá nos safamos e conseguimos acomodar tudo no vagão cama.

A viagem no vagão cama foi desconfortável, não conseguimos dormir quase nada, pois apesar de ir deitado, o barulho era muito (mesmo usando tampões nos ouvidos)… contudo para quem viaja nos assentos normais acho que deve ser muito mais desconfortável… a vantagem é que não perdemos 1 dia para fazer a viagem, visto a viagem ser feita à noite, o que me permite trabalhar no próprio dia.

Alforges ou mochilas?
Em 2011 fiz o caminho Português com mochila, achei aceitável, pois apenas fazia ums 40/50 km por dia (demorei 5 dias do Porto a Santiago)
Em 2012 fiz o caminho Português com mochila em apenas 2 dias, com o objetivo de ver como seria fazer 120/130 km por dia com mochila, e confesso que não me senti confortável, daí ter decidido levar alforges.
Tenho a dizer que ao 2º dia de viagem já nem damos por ela que levamos alforges, já estamos adaptados. Só damos por ela que os temos quando temos de desmontar e empurrar as bikes.
Acabei por levar um camelback que acabou por viajar quase sempre amarrado aos alforges, servindo o mesmo apenas para guardar alguma alimentação uma vez que os meus alforges eram muito pequenos.
Para mim foi a escolha acertada!!!

Material a levar
Da informação recolhida e da experiencia com as 2 idas do Porto a Santiago foi elaborada a seguinte lista de material:

Bolsa amarrada ao guiador
Cartão do cidadão, Dinheiro, Multibanco, Cartão europeu de seguro de doença
Credencial do peregrino (caso não existissem em SJPP estas seriam o backup).
Mapas com informação do percurso, Máquina fotográfica, Telemóvel e benurom/brufen para SOS

Camelback
carregador de telemóvel e da máquina fotográfica
1 lanterna de mão + navalha para cortar pão
O resto do espaço foi ocupado com barras/sandes/bananas

Alforges
1 calças finas + 1 par boxers + 1 par meias + 1 par sapatilhas + 1 camisola fina + polar - material a levar vestido
1 camisola fina para dormir + 1 pares de boxers
2 equipamentos de ciclista (1 camisola + 1 calções + 1 camisola interior + 1 par meias)
1 par manguitos + pernitos
1 corta vento + 1 capa da chuva + impermeável da mochila/alforge
1 par chinelos (para tomar banho e andar com eles calçados o resto do dia)
1 par de luvas
1 toalha + 1 sabonete
Escova dos dentes + gilete da barba
Protector solar
6 Molas da roupa para por roupa a secar
Halibut, Creme assos
Tampões para ouvidos para dormir
Sais para colocar no bidon
saco cama
Capacete
Oculos + lentes suplentes
Pulsómetro/fita

Saco ferramenta
1 kit “tapa furos”
1 camara de ar, desmontas, embalagem com óleo, descrava corrente, 2 elos rápidos, braçadeiras de serrilha, 2 metros de corda (fio)
2 cadeados
Chaves para montar bikes, 1 alicate
1 dropout, 1 cabo de aço para mudanças
Bomba de ar, Campainha
Pano para limpar corrente
Bidom de água

O peso total (alforges, camelback, ferramenta, saco cama e bolsa de guiador) pesava 7kg

 

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1ª Etapa

1 - Saint Jean Pied de Port – Zubri
Dist.: 49,8 km
AVG: 11,9 km/h
AC:1710 m
Total Time (TT):7:21:37
Ride Time (RT): 04:13:13

Chegamos a SJPP por volta das 10h15, algo mais tarde que o planeado e começamos a montar as bikes, que também demorou mais que o planeado, consequentemente só pudemos iniciar a etapa por volta das 13h
A primeira paragem foi no albergue para recolha das cadernetas… mesmo a tempo antes de fechar…

Uma das premissas para esta aventura era fazer os trilhos dos peregrinos, mesmo que a estrada estivesse “ali à mão”, pelo que iniciamos a subida pela “Rota de Napoleão”...
As paisagens eram espetaculares o que nos levou a várias paragens para tirar fotos.
Apesar de alcatroada (não existe alternativa), a subida até Orisson é muito dura, tendo rampas com mais de 20% de inclinação, onde apanhamos cerca de 42ºC, tornando a subida muito difícil.

Cerca de 15 km depois de iniciar a etapa o alcatrão acaba e passamos para o “trilho dos peregrinos”, apenas com um ponto que nos obrigou a desmontar para ultrapassar, a subida faz-se sem problemas. Terminada a subida temos até Roncesvalles uma descida das mais espetaculares que já fiz, assim como perigosa!!! Tivemos de parar 2 vezes para arrefecer os travões de disco… por isso esta deve ser encarada com precaução…

O dia terminou em Zubri visto não termos tempo para ir mais além.
No albergue público com 2 camaratas para uns 30 peregrinos cada, as bikes tinham de ficar fora… mas antes de nos deitarmos metemos as mesmas no albergue e ninguém nos colocou problemas
Esta noite não consegui dormir pois estava instalado no albergue uma "locomotiva" que roncou toda a noite...

 

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2ª Etapa

2 – Zubri – Viana
Dist. – 115,8 km
AVG - 14,9 km/h
AC: 1900 m
TT: 11:31:59
RT: 07:35:06

Nesta etapa procuramos recuperar um pouco do atraso que tínhamos do dia anterior, onde o objetivo tinha sido de chagar a Pamplona. Esta continuou espetacular com belos single tracks ao pé do rio. Várias vezes a viagem era interrompida pelas inúmeras cancelas que tínhamos de abrir/fechar, o que nos cortava o ritmo…
A passagem por Pamplona foi feita bastante cedo, o que nos permitiu ver o lixo deixado na noite anterior, que nos trouxe como consequência o único furo de toda a viagem (um corte provocado por um vidro de 1 garrafa partida)

A subida ao Alto dos Perdões foi uma das dificuldades do dia, subida bem dura mas com paisagem magnífica. A descida por ser feita em cima de seixo (godo) solto tornou-se bastante perigosa

A passagem por Ponte de Reina foi feita rapidamente e antes de almoçar voltamos a ter umas “paredes” para ultrapassar

Os últimos 10 km foram bastante complicados quer pelo acidentado do terreno quer pelo esforço acumulado durante o dia
Como não tínhamos tempo nem vontade para cozinhar, fomos recorrendo aos “Menu Peregrino” nos almoços e jantares, tendo em Viana sido surpreendido por uma sopa de marisco servida num copo (mais parecia um copo com água quente e 2 mexilhões lá dentro… o pior jantar que tivemos)
O albergue público tinha local próprio para guardar as bikes assim como vários quartos com 9 camas cada.

 

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3ª Etapa

3 – Viana – Agés
Dist. – 116 km
AVG – 16,9 km/h
AC: 1640 m
TT: 09:46:51
RT: 06:56:35

A partir desta etapa pensei que 2 problemas poderiam aparecer, o primeiro seria o rabo dar sinais de não gostar de tantas horas na bike, o segundo as pernas se queixarem do mesmo motivo.

O primeiro problema nunca ocorreu, a solução utilizada foi aplicar halibut todos os dias à noite (mesmo que não tivesse queixas) e aplicar todos os dias de manhã creme da Assos. Funcionou a 100%

O segundo também nunca ocorreu, a solução foi meter 4.000 km nas pernas de Janeiro a Junho, antes de ir para SJPP e comer bem ao almoço/jantar, assim como hidratar bem (com sais) e comer umas 4 bananas por dia...
Quem quer fazer o caminho não precisa fazer tantos km’s de preparação, o meu tio tem 62 anos e fez o meso caminho com menos de 1000 km de preparação, só que fez o mesmo com etapas mais curtas, gastando 15 dias e não 8 como eu pretendia fazer.

A etapa continuou interessante… passamos por Logronho onde tomamos o pequeno almoço, onde constatamos os magníficos espaços verdes que a cidade possui…

Em Santo Domingo da Calzada, onde almoçamos, um polícia viu as nossas bikes e queria comprar a bike ao Override (tínhamos acabado de lavar as mesmas numa estação de serviço) e foi onde o Override se esqueceu da Caderneta de peregrino (valeu termos umas levadas de Portugal para se carimbar dali para a frente).
No final da Etapa apanhamos uma subida em Vila Fria muito pronunciada, mas que foi posteriormente compensada com a descida para Agés (a 2km de Atapuerca). Nesta altura tínhamos umas nuvens ameaçadores pelo que decidimos parar.

 

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4ª Etapa

4 – Ages - Calzadilla de la Cueza
Dist.: 138,6 km
AVG: 19.3 km/h
AC: 815 m
TT: 10:08:52
RT: 07:02:44

Esta foi uma das etapas mais marcantes da viagem. Acordamos por volta das 05h00 e chovia copiosamente… pensei “vamos gramar todo o dia no albergue pois a chuva não vai parar!!!”, mas felizmente por volta das 6h30 parou.. lá nos preparamos e rumamos a Burgos… Estava frio e com algumas pingas, passamos rapidamente por Burgos e dirigimo-nos a Hontanas. O tempo melhorou e apanhamos novamente temperaturas na casa dos 40ºC.

Interessante foi a subida à saída de Castrojeriz, subida muito dura, onde do outro lado do monte nos esperava uma descida fantástica… pena não podermos “fazer de gaz” para não assustar os peregrinos…

Passamos por Fromista onde as longas retas do caminho ao lada da estrava se estendiam por vários kilometros

Estávamos a tentar recuperar algum do terreno perdido nas etapas anteriores e em Carrilon de los Condes deparamo-nos com uma das partes mais duras do percurso, pelo menos a nível psicológico, um troço de 17 km sem nenhum apoio, praticamente sempre em linha reta… o pior que podem desejar num final de etapa. Quando chegamos a Calzadilla de la Cueza foi como encontrar um “oásis”, ainda por cima porque o nosso albergue tinha uma piscina!!!

Neste albergue encontramos 2 tugas da Covilhã que queriam fazer o caminho a pé, com uma média de 40 km/dia… eu eu disse “vocês são loucos, normalmente o peregrino faz 25 a 30 km dependendo das etapas”. Possuiam mochilas com demasiado peso, não possuíam informações de percurso, altimetrias, albergues, distâncias entre aldeias, etc… preparação de caminhadas = zero… enfim, típico de quem diz “vamos a pé a Santiago? Bora lá!!!”… Comessaram em em Carrillon de los Condes e apanharam aquela reta de 17 km, a meio já não tinham água… no dia seguinte 1 estava com o pé aberto… duvido que alguma vez cheguem a Santiago com aquela preparação e aquela quilometragem diária….

Os Tugas acompanhados de uma CanadianoJaponesa!!!

 

[nuno.fbc]

Boa tarde

Grande aventura e fotoreport 5*.
Parabéns.

Venha o resto.....

BON CAMIÑO

Cumprimentos BTTistas
Nuno Campos

 

[super.byke]

5ª Etapa

5 - Calzadilla de la Cueza - Astorga
Dist.: 130,3 km
AVG: 18,35 km/h
AC: 795 m
TT: 10:07:13
RT: 07:04:02

Outra etapa em muito parecida com a anterior, muitas retas muitos campos de cereal…
Descobri que ainda se fazem casas com barro e palha… e que alguém com "muita força" fazia a peregrinação numa cadeira de rodas!!!
O caminho continuava paralelo à estrada… sistematicamente víamos ciclistas na estrada, mas nós mantivemo-nos fieis ao “caminho” mesmo para desagrado de alguns peregrinos… que fazer… as nossas bikes não sabiam andar no alcatrão!!!
Em Mansilla de las Mulas passamos por um dos tascos mais engraçados…

À entrada de Leon encontramos os 1ºs tugas de bike
Em Hospital de Obrigo começou a cair umas pingas, não paramos e depois de apanharmos uns chuveiros chegamos a Astorga.
O albergue municipal era enorme mas com muito boas instalações, quartos individuais com 4 camas e alojamento para as nossas bikes incluído!!!

As paredes feitas com barro e palha

Aqui podem-se ver alguns tijolos feitos do mesmo material...

Esta imagem marcou-me profundamente!!!

Aqui optamos por ir por Bercianos del Real Camino, tinhamos a indicação que era o trajeto mais tradicional... Posteriormente encontramos os 1ºs tugas de bike que nos disseram que optaram por ir por Calzadilla de los Hermanillos e que apanharam uns bons km's de "calçada romana infernal"...

Os cães também colaboravam no transporte

A certa altura lembramo-nos dos filmes de cowboys, onde estes chicoteavam os seus cavalos para andarem mais rápido. Soltando um estridente hiiihaaa, o Override simulava essa sena, com a qual nos fartamos de divertir ao passar por alguns peregrinos

Um dos "tascos" mais curtidos por onde passamos, donde retive 2 frases "no pain no glory" e "sleep when your dead" !!!

Os 2 tugas de Lisboa com que nos cruzamos à entrada de Leon

 

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6ª Etapa

6 – Astorga - Vega de Valcarce
Dist: 96,8 km
AVG: 14,8 km/h
AC: 1310 m
TT: 08:51:22
RT: 06:41:04

Este era um dos dias mais esperados por mim, hoje faria a subida da Cruz de Ferro… Temia a subida pois achava que a mesma seria muito ingreme, mas afinal não passa de uma inclinação de 4 a 5%, que se faz por caminho muito acessível. Nesse dia o nosso único problema foi o vento frio de frente... muito forte mesmo...
Pelo meio paramos no bar do cowboy (muito engraçado) para beber uma meia de leite quentinha...

Depois de chegar ao cimo todos nos avisavam da perigosidade da descida… cheguei a ficar preocupado, realmente a estrada apresentava alguma inclinação e estava cheia de gravilha que tornava a descida muito perigosa, mas eu disse que ia pelo trilho dos peregrinos (pensava eu que seria menos perigoso) e disseram que mesmo assim era perigoso… fizemos a descida e … que bela descida, perigosa sim, mas não como pintavam… um dos mais belos trilhos que desci…

Nesta etapa a paisagem mudou completamente, apareceu o verde e os montes típicos do Minho/Galiza e ficou para traz as planícies monótonas…

Mais ciclistas que optavam pelo asfalto...

O bar do cowboy com um interior a condizer!!!

Uma bancada onde podiamos recolher "recoerdos" e deixar um donativo!!!

Chegada à Cruz de Ferro

Manjarim... um dos locais mais "peace & louve" que encontrei !!!!

Sim, estávamos lá bem representados

Será um templário esquecido no tempo!!!

Um castanheiro com muitas centenas de anos... se bem que passamos por outro mais abaixo, que está identificado e datado com 800 anos de vida

Em Ponferrada encontramos um grupo de ingleses bem animado. Percebemos de onde vinha a animação... o resultado foram as quedas de alguns com justificação visível!!!

Esta rapariga veio da Alemanha para a França de bicicleta... em Saint Jean Pied de Port iniciou o Caminho e pretendia chegar a Santiago... e finalmente terminar em Finisterra... a parte mais difícil já estava feita... força aí!!!

Terminamos o dia com um lavagem às bikes que bem mereciam...

 

[super.byke]

7ª Etapa

7 - Vega de Valcarce – Palas de Rei
Dist: 100,6 km
AVG: 14,15 km/h
AC: 2370 m
TT: 11:16:39
RT: 07:20:09

Este foi talvês o dia mais espetacular de todo o percurso!!! A concorrer diretamente com a 1ª etapa

Hoje foi a minha vez de perder alguma coisa... com a pressa deixei o bidião da água no albergue... posteriormente tive de comprar uma garrafa de água para colocar no suporte... não era o ideal... mas pelo menos quando parava tinha onde poder beber água

Amanheceu com muito frio, 4ºC...

A subida do Cebreiro feita pelo trilho dos peregrinos foi difícil, grande parte do tempo com a bike à mão, pois não existia tração com lama, seixos (godos) e bosta de vaca…

Quando chegamos ao cimo não apetecia continuar… só queria ficar a contemplar a paisagem… depois apareceu o alto de S. Roque... e alto do Poio onde paramos à conversa com um Brasileiro muito simpático...

A vontade de pedalar era pouca, pois a paisagem era fenomenal, trilhos dos mais belos que já fiz... a certa altura voltamos a encontrar um americano de bike que tínhamos encontrado na Cruz de Ferro e convidamo-lo a seguir connosco. Ele estava a fazer o caminho em bike mas optava sempre pelos trocos de estrada, nós dissemos que era muito mais divertido pelos trilhos dos peregrinos e ele alinhou... a certa altura estava tão emocionado que até nos ultrapassava com notórios risos de felicidade... almoçamos juntos e separamo-nos em Sárria, onde ele iria pernoitar.... pensamos que depois daquele momento ele não voltaria a escolher o asfalto

A espetacularidade da etapa levou-nos a só fazer 40 km antes do almoço, pelo que na parte final tivemos de aumentar o ritmo para chegar a Palas de Rei. A etapa foi muito interessante, os caminhos espetaculares... autênticos parte pernas... mas que fizemos com muita vontade... queríamos deixar menos de 70 km para o dia seguinte para podermos estar em Santiago pelas 12h....

Hummm... aqui "cheirou" a Portugal!!!

Um espanhol que como nós estava a fazer os trilhos dos peregrinos... em conversa no alto do Cebreiro confessou-nos que ficaria no alto do Poio à espera de "unas chicas"... dizias ele "coisas do caminho!!!".... , o que confirmou o que já tinha ouvido... alguns casos de amor surgem também no caminho

 

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8ª Etapa

8 – Palas de Rei – Santiago
Dist: 71,6 km
AVG: 15.4 km/h
AC: 1230 m
TT: 06:37:44
RT: 04:46:23

Quando chegamos a Palas de Rei no dia anterior não conseguimos pela 1ª vez lugar no albergue... já esperava isso, pois de Sárria para a frente costuma ser difícil... fomos então dormir a uma pensão que fica em frente ao albergue... por indicação do "manager" do albergue era o local mais barato para dormir... realmente barato era... mas era uma espelunca bem pior que alguns albergues por onde passamos... mas adiante...
Saímos por volta das 7h e ficamos impressionados com a quantidade de peregrinos por quem íamos passando... pareciam formigas no caminho... o rompe pernas do dia anterior manteve-se com trilhos muito fixes...
O objetivo era chegar a Santiago por volta das 12h/13h e ir direto à estação comprar bilhetes para o comboio, garantindo assim que não falhávamos a ligação para Portugal, o que conseguimos...

Mais uns tugas que encontramos no caminho, que estavam a fazer o Primitivo...

de entre os quais alguém que pertence aos Amigos de Santiago de Viana do Castelo

e mais um tuga a fazer o caminho do Norte

E a nostalgia que já aparecia por sabermos que estávamos a chegar ao fim...

finalmente o "descanso do guerreiro", depois de garantir o bilhete para o comboio das 16h30 e ter a Compostela na mão

Grande abraço ao meu tio, que saindo uma semana antes de mim só o consegui "apanhar" mesmo em Santiago... prova de que mesmo alguém com menos de 500 km de treino consegue fazer o caminho... tem é de gastar mais dias como é obvio...

 

[super.byke]

Resumo

12 a 15 dias seriam o ideal para desfrutar do caminho, infelizmente não dispunha desses dias, mas mais vale fazer em 8 do que não fazer... mesmo assim foi possível fazer mais de 600 fotos e conversar com vários peregrinos oriundos dos locais mais diversos, como Espanha, Itália, França, Portugal, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Dinamarca, Lituânia, Coreia, Canada, USA, Brasil, etc.

Para mim o caminho divide-se em 3 partes, SJPP até Burgos, Burgos até Leon (Astorga) e de Astorga até Santiago.
Se não têm tempo para fazer o caminho na integra sugiro que saltem a parte Burgos-Leon, pois é a parte mais monótona....
Se só têm tempo para fazer 1 parte façam de Astorga para Santiago....

Os custos da viagem saindo e chegando ao Porto foram cerca de 400€. +- 130€ para comboio Porto - SJPP e Santiago-Porto e o resto para alimentação/dormida.
Como não tínhamos pachorra para cozinhar almoçávamos e jantávamos o "menu peregrino", que rondava os 9/10€... que dava por volta dos 30€/dia

Com excepção da 1ª noite em Zubri, nos albergues públicos por onde passamos não encontramos "roncadores"... o que foi bom...

A escolha de alforges foi a melhor para mim... com excepção do 1º dia nunca dei por ela que os tinha...

Quanto à transmissão, a "avozinha" foi sobejamente utilizada, com o acumular dos quilómetros cada vez se recorre mais a ela. No meu caso, o andamento mais leve era 22x32, mas se tivesse uma cassete 34 ou 36 decerto que a usaria... ao contrário, o 44x11 dificilmente se utiliza

Apanhamos temperaturas entre os 4ºC e os 42ºC, pelo que convém estar preparado para estas amplitudes térmicas... não descuidar com o protetor solar... especialmente quando está nublado...

As bicicletas todos os dias recebiam "mimos", o meu "mecânico chefe" obrigava a limpar e olear a transmissão todos os dias... e por 2 vezes as bikes foram ao banho na estação de serviço... a transmissão agradeceu... trabalhou sempre 5*

No total foram
819,5 km
11.770 m acumulado
51:39:16 Ride Time

No meio disto tudo o mais irrelevante foi a média, quem passamos ou deixamos passar... importante foram os momentos particulares que vivemos, como por exemplo quando antes de chegar a Viana encontramos um Italiano que não tinha protector solar e estava todo vermelho e lhe demos do nosso... quando depois do Cebreiro encontramos uma senhora com mais de 70 anos que estava no caminho a oferecer panquecas e esteve com uma conversa muito amável connosco, quando antes do Cebreiro encontramos um Frade Belga que estava pelo primeiro dia a trabalhar na igreja por onde estávamos a passar e vimos a alegria com que recebia e falava com os peregrinos... o grande entendimento que tive com o amigo Override durante estes dias, sempre em sintonia, quando um dizia "tenho fome" o outro dizia "quero comer", se um dizia "estou cansado" o outro dizia "quero parar"... a alegria e emoção quando abracei o meu tio em Santiago... são estas pequenas coisas que tornaram esta viagem tão marcante para mim...

Façam o vosso caminho e desfrutem do mesmo... se não têm companhia, lembrem-se que nunca estarão sozinhos, o caminho está cheio de peregrinos dispostos a partilhar as suas experiências... não fiquem em casa a pensar "eu até gostava de ir... mas não tenho companhia"... vão divirtam-se, desfrutem e sintam "O Caminho"...

Obrigado Override pela companhia que me fizeste nesta aventura... que quero repetir... talvez quado o meu filho me puder acompanhar...

Agora a próxima aventura será o Caminho Português da Costa!!!

 

[carlossousa44fsr]

muitos parabens exlente relato e foto reportagens ja fiz os caminhos de sao tiago a paritr de barcelos regresando a barcelos por estrada foram 487 klm em quatro dias agora estou imigrado em frança e se ja tinha esse sonho fazer os caminhos franceses acho que agora fica mais perto realizalo. força nas canetas.

 

[aas]

Caro AV ou superbike, tanto dá,
Leio nas tuas palavras uma alegria imensa... e com razão! Dou-te os parabéns por esta magnífica aventura para a qual são necessárias "muitas pernas"... 820Km em 8 dias... para um empenado como eu é coisa a mais
Como eu costumo dizer (e acho que to disse a ti...): "uma vez peregrino, para sempre peregrino"; português, central, francês, já prevês o da costa... confirma-se!
Um abraço grande, com réplica para o teu amigo "Override" e para o teu tio que, afinal, só demorou um bocadinho a mais!
A. Augusto de Sousa