"SELECÇÃO NACIONAL"...
Sobre tudo o que o caro colega de forum Moniz82 diz no seu post sobre este problemático tema tenho 2 comentários:
- Estão espectaculares as ideias e não são nem mais nem menos que a Suiça, a França, a Itália, a Eslováquia, a Rússia, a China, a Espanha, a Alemanha assim como muitos outros fazem no BTT, e que Portugal tão bem se faz na... estrada. Trabalho de base com jovens de valor, com pessoal qualificado e altamente interessado, e apoio forte aos já formados... com real valor, como também temos, mesmo já.
- Para que se perceba a vida de um atleta de XCO de altíssimo nível em Portugal, é só ler a entrevista a um dos nossos melhores atletas de sempre nas últimas página da BikeMagazine deste mês, e perceber o apoio que este teve da Selecção... e tendo o cuidado de guardar esta revista, dentro de meia dúzia de anos é fácil a qualquer um recortar fotos, e mudando apenas os nomes e as fotos... aproveitando todo o mesmo texto com as mesmíssimas palavras do atleta, e fazer nova publicação de entrevistas aos actuais juniores e sub-23 que em pouco tempo dirão o mesmo. E este atleta é o nosso Candido Barbosa (referencia de todos quanto conheço, pela humildade, prestabilidade e simpatia) e imagine-se... mesmo sem ter tido nenhum apoio bate-se e ganha a um dos melhores corredores de estrada, atleta do grande SLB até ao ano passado. Se este atleta ia à Selecção há uns anos atrás e teve pouco apoio, os novos ainda têem menos, pois nessa altura mesmo mal apoiados ainda tinham grandes técnicos a acompanhá-los, como o Prof. José Luis Algarra entre outros de uma grande equipa. Hoje o atleta de Selecção, não tem treinos, apoio médico ou sequer a nível de fisiologia, onde nada se sabe sobre as capacidades fisicas dos atletas pois testes vários que determinam vias de trabalho, consumos máximos de oxigénio, resistencia, capacidade de subir, que nesses tempos eram feitos e nesses testes era baseada a planificação de treino entregue a cada atleta, feitos pelo referido Professor espanhol, com a correcta individualização e progressividade no tempo, e que o atleta podia dar feed-back, podendo alterar algo, por alguma razão. Hoje infelizmente os nossos rapazes não têem o básico do ciclismo... massagista para lhes prepararem as pernas para os duros embates. É efectivamente necessário fazer muito mais que o simples levar a rapaziada à pista dos grandes campeonatos, servindo este estado actual apenas de meio de transporte, como se de um táxi se tratasse. O ciclismo, seja de Btt ou de estrada, é muito mais que o que se está fazendo actualmente.
Penso que está bem explícito no último parágrafo, o que eu acho que deveria ser melhorado, mas passo a citar a este propósito de Selecção Nacional:
- Antes demais, elaboração de um calendário de objectivos, que deverão ser provas com dificuldade progressiva, começando por taças nacionais de nível médio/alto, mas fora do país que eu já ví a nossa actual selecção nacional a correr em Portugal, onde já estavam garantidas as presenças dos atletas pelas suas próprias equipas.
- Estágio no inicio de época com os atletas, para determinação de capacidades físicas e apresentação de calendários e objectivos.
- Entrada em contacto com os respectivos responsáveis pelo treino dos atletas, por forma a calendarizarem e todos harmonizarem objectivos, ou seja, quando os seus atletas se deverão apresentar na melhor forma, que deveria ser nos objectivos propostos pela equipa nacional, acima de qualquer outro objectivo pessoal ou de equipa se possível. O assumir por parte da Selecção, da planificação dos atletas que não têem treinador, que terá que ser feito por pessoa altamente qualificada, com o mínimo de nível 3 de curso de treinador, já para não falar em pessoa licenciada em educação física com especialidade em ciclismo tirada e com experiencia vasta.
- Acompanhamento regular pelos novos meios à disposição, dos atletas, para que estes sintam fazer parte de algo que existe o ano todo, não só no dia da corrida que a Selecção marcou, e que servirá para sentir o atleta, a sua motivação, e ajudar nas suas normais dificuldades. A equipa técnica da Selecção deveria sempre estar representada nas provas nacionais, para motivação dos atletas do projecto, e dos outros que teriam sempre que sentir que podem também entrar, pois... são vistos a correr.
- Ter um departamento médico ou apoio externo, por exemplo no Centro de Medicina Desportiva que regularmente analise os atletas, que essas análises sejam vistas pelos médicos desportivos desse centro e que ditarão que suplementação e vitaminas esses atletas necessitam. Deveriam também ser realizados 3 testes de esforço para determinar parametros como as vias de treino, limiares e consumos de oxigénio, 1 no 1º estágio em principio de época, 1 a meio mda época para ver evolução, e 1 mês antes do grande objectivo da selecção, por forma a preparar e individualizar correctamente o treino para retirar o máximo rendimento proframado para esse ano para esse atleta.
- Fazer as tais provas mais de preparação para os grandes embates, tentando colocar os atletas em hoteis de nível "honroso" mas a poupar que os recursos são sempre poucos, evitando caros hoteis, que todos compreenderiam, e aceitariam, por via de poderem assim fazer mais provas. Nessas provas terá que haver obrigatóriamente um mecanico e um massagista, que actualmente um atleta tem que massajar as suas próprias pernas e tem que saber de mecanica. Como exemplo apenas, na estrada o atleta junior é rei... tem quem trate da bike e é massajado por um grande e simpático profissional da Federação, cabendo-lhe apenas o papel de corredor. NO btt terá que ser assim também, pois esta é a única fórmula do ciclismo, seja qual for a vertente.
- 1 mês e pouco antes do grande objectivo da equipa nacional, teria que ser feito um estágio de altitude (já se fez com o Btt em outros tempos em que houve algumas condições de algum nível já e que referí atrás) com vista a preparar a máquina corpo para os grandes feitos. Este estágio, sendo muito sensível, deverá ser da responsabilidade, ainda que em prescrição de treinos, de um fisiologista capaz, ou de um treinador capaz com extrema experiencia no assunto, pois em 10 dias, um trabalho mal feito em altitude deita por terra um atleta por 1 ano. Aqui na alta montanha não há lugar ao actual amadorismo, pois é da saúde dos rapazes que falamos, mais que a sua performance.
- Nos dias que antecedem os grandes embates devem ser dadas todas as condições para que o atleta se sinta bem e apoiado, o que em abono da verdade, neste aspecto nada há a melhorar pois exceptuando a falta de massagista e mecanico, tudo o resto é extremamente bem feito, e os atletas da Selecção, em prova têem todas as condições necessárias.
- No final de época, deixar a abertura da motivação de um projecto real que motivará um atleta, que sentindo que o projecto está lá, será um grande atleta concerteza. Na actualidade, um atleta acaba uma época e não sabe sequer se para o ano poderá correr um Mundial, sequer se deve reservar energias para esses Mundiais que por norma são em setembro (a excepção é o ano olimpico, e nem sempre) colocando em causa por essa reserva outros objectivos, e depois não há mundial. A incerteza leva a um desleixo também por parte do atleta.
- Tudo terá que começar com dinheiro, e aí nem eu nem ninguém que seja um profissional de Marketing ou de gestão, poderá dar opinião nehuma, sendo que a única que tenho nesse aspecto é que o 1º homem a contratar para a equipa da selecção nacional deverá ser um profissional do ramo do Marketing e publicidade, para fazer bem o trabalho que saberá fazer, batendo nas portas grandes e certas.
Isto é um projecto BTT nacional, o que os outros fazem, é só ver a publicidade nas camisolas da equipe francesa, é só ir a uma SwissCup e ver lá todas as Selecções com os seus atletas juniores e subs... o que se vai fazendo por cá, perdoem-me mas eu não vou mentir para agradar, mas não é projecto, é amadorismo puro, e que não dará resultados, e actualmente infelizmente para os actuais atletas, vivemos a fase neste aspecto mais negra desde que eu conheço, pois noutros tempos bem recentes já houve garndes condições, onde todos vimos a nossa selecção no open de espanha, na volta a valladolid, no troféu coronas, entre outros e muitas vezes. Conheço atletas com 17 internacionalizações... os actuais levariam 8 ou mais anos a fazer isso, pois saiem em média 1 a 2 vezes por ano com a selecção, contráriamente à estrada que sái... dezenas, com as suas 2 categorias de formação. E não adianta dizer que o tempo faz, e que temos que ter alguma paciencia, pois neste momento regredimos, pois já tivemos e sempre... muito mais, o que leva a pensar que a calma e paciencia só levarão a pior. Não há que acatar... há que forçar, diplomáticamente, mas forçar, forçar, forçar.
Por isto, por esta visão do que é o Btt, do que deveria ser o Btt de competição em Portugal... anda muita gente zangada comigo... mas não será por isso que eu vou achar certo que se continue a menosprezar o BTT, a deixar isto ao abandono e carolice, pois quem de bem, vê que é assim que se faz, dá trabalho mas é assim que se faz... os outros... nem me interessam.
Paulo Marinheiro
ps- a menina a dormir... mesmo que não estivesse a dormir, alguém viu algum rádio na mão deste bons escuteiros? Se o atleta tomba e está mal, o sistema de comunicação é o antigo "...corre a vai avisar o pai..."????!!! Continua-se a brincar com o fogo. Continua-se a não zelar pela segurança dos atletas, e os Directores desportivos, continuam a não obrigar quem de direito a cumprir regras de segurança, por forma a que corram em segurança os filhos de quem lhes confiou os atletas, pensando estes estarem bem entregues e em segurança concerteza. Se era no Down-Hill, onde já há uma forte união entre atletas que estão extremamente bem organizados e falam a uma só voz, a voz do seu interesse geral, se não houvesse condições de segurança... não havia prova... no cross calaram o único que falava... problema resolvido!!!